quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Matrimônio na história da humanidade (Parte I)

Reflexões de Mons. Vitaliano Mattioli*
CRATO, quarta-feira, 30 de maio de 2012, Extraído de ZENIT.org.

De hoje, 30 de maio até o 3 de junho celebra-se em Milão (Itália) o VII Encontro Mundial das Famílias, que tem como tema: “A família, o trabalho, e a festa”.

É inútil repetir o quanto a família esteja ameaçada hoje. Basta uma simples reflexão para dar-se conta de uma verdadeira conjura contra a instituição familiar.

O encontro de Milão tem por objetivo sensibilizar a consciência social e colocar de novo a família no lugar que lhe corresponde, ou seja, no centro da sociedade. Nessa reflexão de hoje partimos do princípio de que o Estado vem depois da família. É o conjunto das famílias que constitui o Estado. Por isso o Estado não tem o poder de colocar as mãos em características fundamentais do instituto familiar, mas somente providenciar que a família sobreviva como instituição natural da sociedade. Vejamos, por exemplo, como em em todas as culturas encontramos disposições em defesa da família como sociedade natural fundada sobre o matrimônio. Façamos um percurso histórico.

No Código de Hamurabe (1750, mais o menos, a.C.) está escrito: “Se um homem se casou com uma mulher, mas não concluiu o contrato com ela, esta mulher nao pode ser acreditada como esposa legítima” (n. 128); Se uma mulher casada é surpreendida na cama com um outro homem, todos os dois devem ser amarrados e afogados” (n. 129).

Já no V sec. a.C. os textos confucianos nos falam da família como fundamento do Estado. Se a família não vive conforme as virtudes, também o Estado não pode está bem. Para formar uma família virtuosa, a pessoa deve esforçar-se para ser perfeita antes de casar-se.

Na sociedade da antiga India, conforme a descriçao do Kamasutra, o Tratado sobre o amor, descrito por Mallanaga Vatsyayana (III Sec. d.C.), o casamento é algo sagrado, é uma obrigação religiosa que envolve a comunidade. As famílias estão comprometidas no casamento dos filhos. Isto porque o casamento não é um fato privado.

As leis do Manu (não tem uma data certa; mais ou menos entre o sec. II a.C. e o sec. II d.C.). No cap terceiro faz a lista de oito modalidades para casar uma mulher e dos impedimentos. Na antiga Grécia, já antes de Homero, o matrimônio era considerado o fundamento da sociedade. A familia por meio do casamento, era a condição indispensável para a propagação da espécie humana. A família, nos antigos poemas, é apresentada com grande estima. Também nos tempos antigos, o casamento não tinha uma legislação bem marcada, porém já aparece como um fato social; tem algumas cerimônias públicas e condições para que fosse um casamento reconhecido. Parece que a primeira forma legal específica foi introduzida pelo legislador Solon (Sec VI a.C.) que evidenciou as condições para que um casamento fosse reconhecido legitimo. Péricles (451 a.C.) pusera outras condições. O casamento tinha um caráter sagrado. Terminada a festa do casamento, os casais agradeciam aos deuses, oferecendo um sacrifício, especialmente a Eros e Afrodite. O último ato consistia no registro do casamento no livro chamado fratria, junto a duas testemunhas.

Na segunda parte veremos como no Império Romano, pátria do Direito, o Matrimônio era uma instituição muito valorizada.

* Mons. Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e no Pontifício Instituto S. Apollinare em Roma e Redator da revista "Palestra del Clero". Atualmente é missionário Fidei Donum na diocese de Crato, no Brasil.

domingo, 27 de maio de 2012

O CANTO DO MAGNIFICAT


Murah Rannier Peixoto Vaz
O belíssimo canto do Magnificat, conservado no evangelho de Lucas, traz, envolto em sua singeleza, uma radicalidade profética com conteúdo libertador e político. É quase um eco revolucionário e subversivo de solidariedade humana. Um Deus que tem opção pelos Anawin, os pobres do Senhor, aqueles que se põe em estado de total dependência à Deus. Com isso, Maria mostra a intervenção libertadora de Deus que age de modo diverso dos homens e privilegia os pobres (Anawin) e rebaixa os ricos, orgulhosos e soberbos. Porém é preciso tomar cuidado com as limitações que algumas alas teológicas propõem como exegese desse texto.

Vamos fazer algumas abordagens sobre o Magnificat:
EXEGÉTICO-HISTÓRICO – O hino possui uma releitura da história sob um viés sapiencial que leva a enxergar os critérios da misteriosa intervenção divina que escolhe os pequenos, os menores, aqueles que são desprezíveis e os elege. Também há a retomada de textos correntes do AT, como o hino de Ana (1 Sm 2,1-11) que, ao compará-lo ao Magnificat, percebe-se que ambos são respostas de mulheres contempladas com a bênção divina por meio da concepção de um redentor (Goel) para Israel (no caso de Samuel, um redentor político-religioso e no caso de Jesus, o redentor messiânico). Da mesma forma, ambas mulheres humilhadas nas quais a potência de Deus foi exaltada.


Todavia, também há uma retomada dos trechos de alguns salmos, como os salmos 103, 1 e 34, 2-3. Isso ocorre sempre em momentos em que Israel é oprimido, ou alguém que, como Ana, sofre por uma humilhação ou injustiça e Deus se levanta a favor daqueles que lhe são fiéis. Sobre isso, Boff (2006, p. 329) diz o seguinte: “O Magnificat vibra todo de ressonâncias do Antigo Testamento. Para cada versículo do hino marial-lucano podem-se encontrar cachos de referências bíblicas. E é normal pois para todo judeu piedoso a Escritura é o livro da vida. Esse cântico mostra Maria como uma mulher impregnada da fé dos pais, que era, de resto, uma fé fortemente messiânico-libertadora”. No Magnificat, Maria relaciona sua maternidade messiânica com as promessas antigas e proclama a realização das promessas de Deus a Seu povo, fazendo a síntese de toda a história da salvação.


É impossível falar de Magnificat sem fazer sua leitura à luz do Êxodo e da Páscoa. Boff (2006, p. 326) apresenta um quadro da elaboração do canto do Magnificat. Para ele, do evento originário ocorrido mais ou menos no ano 7 a.C. gerou-se uma tradição oral que era transmitida ali pelo ano 40 d.C. e que, por volta de 80 d. C. se firmou e consolidou com a elaboração do relato lucano do evangelho. Nesse período, a Igreja era perseguida ferrenhamente pelo Império Romano.


ESPIRITUAL – Já nos primeiro versículos o Magnificat surge já como uma explosão de júbilo. Segundo João Paulo II: “Esse cântico é a resposta da Virgem ao mistério da Anunciação: o anjo convidou-a a alegrar-se; agora Maria expressa o júbilo de seu espírito em Deus, seu salvador. Sua alegria nasce de ter experimentado pessoalmente o olhar benévolo que Deus dirigiu a ela, criatura pobre e sem influência na história” (Catequese de 6-XI-96).

Maria apresenta-se como aquela na qual Deus realizou grandes maravilhas. No decorrer do canto, Maria refere-se a si mesma por cinco vezes, todavia, em total submissão e sem qualquer narcisismo, “não canta suas proezas, mas as façanhas de Deus, realizadas nela” (BOFF, 2006, p. 337). Tudo em Maria é graça, é obra do Espírito: “É a presença do Espírito em Maria que a faz vibrar, sair de si e perder-se em Deus. Contudo, nesse transe o eu da Virgem permanece consciente de si” (BOFF, 2006, p. 337). É preciso ter clareza de que isso “Não é uma catarse nem entretenimento, mas um profundo reconhecimento de quem é Deus e do se está fazendo. É um momento de contrição. A verdadeira adoração parte de um coração rendido e absorto em Deus. Não há estrelismo humano, mas uma glorificação de Deus” (FILHO, 2012).
Em Maria, há outro ponto que toca muito a espiritualidade dos cristãos como um todo, do qual também é modelo. Trata-se de seu êxtase, como saída de si mesma, Maria não se fecha ensismesmada e egoisticamente em seu relacionamento com Deus, ela parte da relação de seu Eu e o TU de Deus para um olhar sobre o Eles. No Magnificat, Maria volta seu olhar sobre aqueles que sofrem, que precisam de ajuda. Inclusive é esse o contexto em que se encontra Maria naquele momento, ela foi até Isabel, não a passeio, mas para colocar-se a serviço de sua parenta. A vida daqueles que se relacionam com Deus não é fechada ao olhar daqueles que sofrem e, constantemente, nos interpelam, ao contrário, todos somos responsáveis pelo outro, porque responsabilizar-se é uma das características do amor.

ECLESIAL-ESCATOLÓGICO – A libertação que Deus realiza, ainda que seja já instaurada, ainda não se realizou plenamente, ou seja, essa libertação não se dá pura e simplesmente na história, aqui e agora. João Paulo II afirma que o Magnificat, “inspirado no Antigo Testamento e na espiritualidade da filha de Sião, supera os textos proféticos que estão em sua origem, revelando na ‘cheia de graça’ o início de uma intervenção divina que vai além das esperanças messiânicas de Israel: o mistério santo da Encarnação do Verbo” (Catequese de 6-XI-96). O messianismo observado no Magnificat vai além de um Reino terrestre, além de uma libertação terrena, ainda que não descarte os esforços para isso. Portanto, à exemplo do Reino que já está em nosso meio, mas ainda não em sua totalidade, a libertação total de todo o gênero humano só se dará na realidade celeste e divina, no Reino definitivo. Essa libertação geme em dores de parto, como diz S. Paulo, porém, a alegria que virá não se compara em relação ao que vivemos agora.
Partindo para o nível eclesiológico, Maria, ao cantar o Magnificat, faz eco a todo o novo Israel e, do mesmo modo, a Igreja ao longo da história faz ecoar a voz de Maria. De seus lábios emana a voz da Igreja reunida. Nela a Igreja se personifica, por “seu opus ontológico, moral e escatológico, como viram os Padres da Igreja e como relembrou o Vaticano II” (BOFF, 2006, p. 327). Entretanto, voltando à questão escatológica, o canto da Virgem comporta uma libertação que se dá em meio às tensões e as dolorosas contradições, mas sem deixar de lado a alegria e o louvor daquela que confiou em seu Deus. Aqui abre-se um parênteses para uma comparação com o livro do Apocalipse, onde, mesmo em meio “as dores do martírio, irrompem sempre os gritos de ‘aleluia’ por causa das promessas do Todo-Poderoso” (BOFF, 2006, p. 336).
SÓCIO-POLÍTICO – A libertação que Deus vem trazer para o povo e que é proclamada no hino do Magnificat vai bem além de uma libertação material, terrena e histórica, mas, como já visto, não a descarta, antes a pressupõe e clama por colaboradores, clama por aqueles que cooperem com a obra salvífica que já começa aqui e agora e depende da abertura e do sim de cada um que livremente assume sua vocação, o chamado de Deus, e se torna agente de transformação das estruturas de injustiça e pecado. Não se trata de uma revolução de classes, uma revolução aos moldes do marxismo utópico, pois, esse modelo, comprovadamente apenas trocou uma classe por outra. Trata-se de uma conversão dos corações, trata-se de operar uma dupla terapia, como será visto a seguir, que conscientize e cure ricos e pobres de seus deveres e direitos. Não é a toa que o documento Redemptoris Mater (37), afirma que o Magnificat é o manifesto do amor, da “opção preferencial de Deus pelos pobres”.
O QUE DIZ O MAGISTÉRIO?     
A POBREZA DE DEUS - O “ANAWIM” de Deus que vive a pobreza evangélica não vive em condições desumanas e nem deixa de lado a sua dignidade de pessoa, muito pelo contrário, ele combate a carência e a privação dos bens materiais e tudo aquilo que dificulta o seu desenvolvimento integral como pessoa e dos outros. O verdadeiro “ANAWIM” é aquele que se torna totalmente dependente de Deus e com sua própria vida aponta o mesmo caminho aos outros.
O Magnificat é o Hino destes cuja única riqueza é Deus. Nele Maria não exulta pela riqueza ou poder, mas, pelo contrário, por ser pequena, insignificante e humilde. Em suas bem aventuranças Jesus retoma o ensinamento do hino do Magnificat e apresenta o homem novo é um homem dependente de Deus, que se alegra e põe toda a sua confiança somente n’Ele. E apresenta um chamado à indivisibilidade: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
TANTO O POBRE QUANTO O RICO SÃO CHAMADOS À LIBERDADE - O documento apresenta o progresso e a opulência como “pobres riquezas”, assim como: prazer, dinheiro e poder, são apetites que crescem conforme aumentam os bens. O excesso da opulência é tão nocivo quanto o excesso de pobreza. Essa pobreza se dá porque tanto o indigente como o rico obcecado pela própria riqueza são homens mutilados e com uma visão limitada. O indigente por razões independentes da sua vontade e o rico com suas mãos cheias sem capacidade de nada receber. Ambos são impedidos da liberdade interior para a qual Deus chama todos os homens.
De tal modo, se faz necessária uma reforma do coração com dupla terapia: o pobre cumulado de bens é chamado a curar o seu coração ferido pela injustiça e o rico despedido de mãos vazias é chamado a um abandono de sua carga e de seus apegos, para que esteja aberto a receber de Deus e a se tornar dependente d’Ele, não colocando os bens acima de tudo.
Só o amor pode superar os limites humanos e reformar a ação do homem criando estruturas novas do bem comum. Portanto, se o egoísmo gera o pecado social, em contraposição, o Amor gera o bem comum e torna-se forma de superação e reforma interior do homem. Isto só ocorre porque o amor é radical na sua essência e por isso provoca uma transformação radical do homem promovendo a sua integração e o levando a verdadeira conversão que olha para além de seus interesses pessoais e muda pouco a pouco o próprio modo de pensar do homem.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A FOME NO MUNDO – Um desafio para todos: o desenvolvimento solidário. Pontifício Conselho Cor unum, São Paulo: Paulinas, 2003.

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2008.

BOFF, Clodovis. Mariologia Social – O significado da Virgem para a sociedade. São Paulo: Paulos, 2006.Catequese de João Paulo II (6-XI-96).

FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Uma Análise dos Cânticos nos Evangelhos - O Magnificat e o Benedictus. IN: http://www.luz.eti.br/cr_analisedoscanticos.html, Visitado em 24 de maio de 2012.









sexta-feira, 18 de maio de 2012

O CAMINHO ESPIRITUAL DE EDITH STEIN

Murah Rannier Peixoto Vaz



 



O filme a Sétima Morada apresenta a história de Edith Stein, filósofa judia alemã, discípula de Husserl, convertida ao catolicismo. Em sua trajetória, Edith passou do judaísmo ao ateísmo e redescobriu a Deus no cristianismo. Sua conversão e profissão de fé cristã trouxeram-lhe diversos enfrentamentos em sua vida.

Edith mergulhou fundo em sua busca pela verdade. Pensando tê-la encontrado na razão filosófica abandonou sua crença judaica e tornou-se atéia.  Entretanto, a sede pela verdade impulsionou-a a continuar sua busca, que na verdade também era uma busca de si mesma. Mais tarde ela dirá que todo aquele que busca a verdade, sem saber, está buscando a Deus. Consequentemente, Edith percebe que o ser humano não pode encontrar a si mesmo a não ser no encontro com Deus. Segundo Edith: “A mente não pode produzir a verdade, pode encontrá-la”. Esse encontro Edith o faz por meio da intuição, método filosófico, que Husserl utilizava:

a intuição fenomenológica consiste em olhar para uma representação qualquer, prescindindo de sua singularidade, prescindindo, do seu caráter psicológico particular, colocando entre parênteses a existência singular da coisa; e então, afastando de si essa existência singular da coisa, para não procurar na representação senão aquilo que tem de essencial, procurar a essência geral, universal, na representação particular[1].

            A internacionalmente renomada filósofa Edith Stein verifica que entre fé e razão não há contradição. Contudo, Edith deu passos além desse método, consegue fazer a plena adesão de intelecto e vontade/sentimento, como pode ser observado na sua fala sobre o poema de Goeth. Nesse trecho do filme ela demonstra a inquietação causada no encontro com Deus, sendo Deus puro amor. O amor nos desinstala, provoca tensões, mudanças e nos aprisiona. Como ela mesma diz: é como um “fio mágico impossível de romper”. Nesse sentido, é preciso apresentar seu encontro com o livro Castelo Interior, de Santa Teresa d’Ávilla e que lhe provocou imensa reflexão e mais, meditação e contemplação. Depois de vivenciar os estágios das moradas, Edith, sentido o chamado divino e desejando unir-se totalmente a Deus, de entregar sua vida e vivenciar a vocação Carmelita, ingressa no Carmelo de Colônia e ali, após o período de formação, profere os votos monásticos.

            A agora monja, Benedita da Cruz, desenvolve textos teológicos e reflete sempre sobre a oração, a dor, a cruz e a união sincera com Cristo, onde é preciso “tomar o sofrimento de quem ama e de quem é amado”, pois “Cristo vive em nós e sofre em nós, assim, nosso sofrimento continua a dar frutos”. Benedita da cruz, bebendo nas fontes de S. Teresa d’Ávilla, afirma que “rezar é estabelecer um diálogo infinito com Deus.

Sempre em constante reflexão sobre a cruz, e sob a influência da teologia paulina, seu fim não foi outro. Uniu-se totalmente à cruz de seu divino mestre passando pelo martírio nos campos de concentração da Alemanha Nazista. Como dizia sua superiora: “Se queres ser tudo, não queira ser coisa alguma”. No esvaziar-se de si encontrou o tudo de Deus.




[1] In: http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente3.shtml

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA

Murah Rannier Peixoto Vaz
A ignorância e o desconhecimento da língua pátria e de seus radicais latinos e gregos geram uma série de equívocos com termos erroneamente usados no seu uso cotidiano e que se torna necessário esclarecê-los. Vejamos alguns:

 
1 - Matrimônio –Mater-Matris – deriva de capacidade legítima de ser mãe, lugar onde se gera ou cria vida; [do latim matrimoniu] s.m. 1. União legítima de homem com mulher; casamento.

2 - Casal – composto por macho e fêmea, seja na natureza, seja nas sociedades humanas, é identificado por sexos opostos. Não existe casal de homossexuais, mas sim dupla ou par de homossexuais. Portanto, da mesma forma não existe casamento homossexual, mas a associação de duas pessoas do mesmo sexo. Como pode ser visto, significa duas pessoas de sexos diferentes, homem e mulher, macho e fêmea, pois o matrimônio não visa simplesmente à união corporal de pessoas. É muito mais do que isso, é a vivência de uma total entrega, de doação e complementaridade que só se dão em nível de homem e mulher.

Conclui-se que léxica, gramatical e historicamente não existe casamento que não seja de um homem e uma mulher. Também a própria Senadora Marta Suplicy pensa assim. Vejamos o que ela diz no seu projeto de lei: “A figura da união civil entre pessoas do mesmo sexo não se confunde nem com o instituto do casamento, regulamentado pelo Código Civil Brasileiro, nem como a união estável, prevista no Parágrafo 3 do Art. 226 da Constituição Federal. É mais uma relação entre particulares que, por sua relevância e especificidade, merece a proteção do Estado e do Direito.” De tal modo, trata-se de uma relação de associação entre particulares, que jamais deveria ser confundida com a união matrimonial ou absurdamente equiparada ao patamar de família, que pressupõe possuir ascendência e a capacidade de descendência. Se para se comunicar o indivíduo tivesse de inventar a Língua cada vez que falasse, o processo de comunicação seria quase impossível.

terça-feira, 15 de maio de 2012

PSEUDO-IDEIAS II

Murah Rannier Peixoto Vaz

Analisemos essa outra imagem, muito divulgada ultimamente nas mídias sociais. Assim como ocorrido na foto anterior, o pensamento transmitido é uma grande falácia.


A pílula do dia seguinte não age contra as células, ou seja, sobre o gameta de uma pessoa como no caso de um espermatozóide (célula viva do pai) ou de um óvulo (célula viva do mãe), mas sobre um embrião (zigoto), que é o resultado do encontro do espermatozóide com o óvulo e, ali, no mesmo instante da concepção há um processo químico e biológico em que não há mais as células de uma pessoa (do pai ou da mãe), na verdade, há um novo indivíduo, um novo ser vivo, com DNA e características inigualáveis, totalmente diferente do DNA dos pais, ainda que destes tenha recebido uma herança genética. Portanto, no ato da fecundação forma-se uma nova pessoa, uma nova vida humana, logo, a pílula do dia seguinte é sim abortiva. Essa foto é uma grande ilusão, verdadeira farsa, e que ridiculariza um posicionamento sério em defesa da vida, em vista de influenciar e induzir as pessoas a questionarem se o embrião é um ser humano ou não. Fato, mais do que comprovado pela ciência.

PSEUDO-IDEIAS I

Murah Rannier Peixoto Vaz

De algum tempo para cá, tenho notado algumas fotos muito tendenciosas, que visam minar o conteúdo daqueles que defendem a vida. Baseadas em conceitos rasos, mas em vista de influenciar a população, vem sendo divulgadas nas mídias sociais. Infelizmente, muitos sem ao menos refletir, compartilham e enviam essas ideias adiante.

Vejamos uma dessas imagens:

 

De fato, enquanto o espermatozóide não fecunda o óvulo não se trata de uma pessoa, mas de dois gametas - gameta masculino e gameta feminino- ou seja, pertencentes a duas pessoas diferentes. Todavia, a partir do momento em que ocorre a fecundação, isto é, o encontro do espermatozóide e do óvulo, onde o espermatozóide despeja dentro do óvulo o seu conteúdo genético, acontece uma reação química automática. A partir de então, não há mais dois gametas de outras pessoas, ali já há um novo indivíduo, um nova pessoa com características próprias e DNA exclusivo, diferente de qualquer outro indivíduo já existente. Alí já há a vida humana, no seu estágio inicial, é óbvio, mas um ser humano adulto em potência. Infelizmente esse tipo de foto tem a tendência de promover equívocos. Precisamos estar atentos, pois, senão, acabamos, sem nem perceber, apoiando um pensamento contrário a vida, que é a atual cultura da morte e da pseudo-liberdade autônoma e sem limites.

Outra grande questão é a comparação de outros seres com o ser humano como se pudessem ser equiparados. Há uma grande distinção entre o ser humano, um animal e um vegetal. A dignidade humana se sobrepõe a desses outros, pois o homem é um animal racional, consciente de sua existência e capaz de refletir sobre ela.

Também há a contradição de mostrar uma fruta e dizer que ela não é uma árvore. De fato, a fruta não é, mas a semente que está dentro dela sim. Pode deixar, eu explico... Esse é um conceito filosófico aristotélico. Para Aristóteles, a semente já é a árvore em potência, pois nela já há todos os germens necessários para seu desenvolvimento. Só é necessário que ela, lançada na terra, receba água, sol e tempo, assim, será uma árvore adulta em ato, frondosa e repleta de frutos. O mesmo ocorre com o embrião humano, ou seja, o zigoto, resultante do encontro do espermatozóide e do óvulo, um novo indivíduo humano único e que só necessita de TEMPO e NUTRIÇÃO para se tornar um ser humano adulto em ato.

terça-feira, 1 de maio de 2012

DE 94 PRA CÁ DOMINGO & FÓRMULA I NÃO SÃO MAIS OS MESMOS

Murah Rannier Peixoto Vaz





Ainda lembro bem daquele fatídico dia 1º de maio de 1994. Era uma manhã fria, com céu nublado. As janelas de casa estavam fechadas por causa do frio, deitado no sofá e curtindo o escurinho, eu estava na sala assistindo a corrida.


A semana tinha sido tensa. Nos treinos para o grand prix morreu o piloto Roland Ratzemberg e, no domingo, de modo inesperado e repentino, ao fazer a curva Tamburello, ocorreu a saída de pista da Willians azul e branca de Senna e, consequentemente, a forte pancada do carro no muro de contenção.

Aqueles que estavam falando se calaram. A tensão tomou conta. O Brasil inteiro parou... silêncio total. Logo veio o veredicto.... Senna havia morrido por um traumatismo craniano.


Nesse dia, o almoço de domingo perdeu seu tempero, ficou sem graça! Fórmula I jamais foi a mesma!!!