sexta-feira, 18 de maio de 2012

O CAMINHO ESPIRITUAL DE EDITH STEIN

Murah Rannier Peixoto Vaz



 



O filme a Sétima Morada apresenta a história de Edith Stein, filósofa judia alemã, discípula de Husserl, convertida ao catolicismo. Em sua trajetória, Edith passou do judaísmo ao ateísmo e redescobriu a Deus no cristianismo. Sua conversão e profissão de fé cristã trouxeram-lhe diversos enfrentamentos em sua vida.

Edith mergulhou fundo em sua busca pela verdade. Pensando tê-la encontrado na razão filosófica abandonou sua crença judaica e tornou-se atéia.  Entretanto, a sede pela verdade impulsionou-a a continuar sua busca, que na verdade também era uma busca de si mesma. Mais tarde ela dirá que todo aquele que busca a verdade, sem saber, está buscando a Deus. Consequentemente, Edith percebe que o ser humano não pode encontrar a si mesmo a não ser no encontro com Deus. Segundo Edith: “A mente não pode produzir a verdade, pode encontrá-la”. Esse encontro Edith o faz por meio da intuição, método filosófico, que Husserl utilizava:

a intuição fenomenológica consiste em olhar para uma representação qualquer, prescindindo de sua singularidade, prescindindo, do seu caráter psicológico particular, colocando entre parênteses a existência singular da coisa; e então, afastando de si essa existência singular da coisa, para não procurar na representação senão aquilo que tem de essencial, procurar a essência geral, universal, na representação particular[1].

            A internacionalmente renomada filósofa Edith Stein verifica que entre fé e razão não há contradição. Contudo, Edith deu passos além desse método, consegue fazer a plena adesão de intelecto e vontade/sentimento, como pode ser observado na sua fala sobre o poema de Goeth. Nesse trecho do filme ela demonstra a inquietação causada no encontro com Deus, sendo Deus puro amor. O amor nos desinstala, provoca tensões, mudanças e nos aprisiona. Como ela mesma diz: é como um “fio mágico impossível de romper”. Nesse sentido, é preciso apresentar seu encontro com o livro Castelo Interior, de Santa Teresa d’Ávilla e que lhe provocou imensa reflexão e mais, meditação e contemplação. Depois de vivenciar os estágios das moradas, Edith, sentido o chamado divino e desejando unir-se totalmente a Deus, de entregar sua vida e vivenciar a vocação Carmelita, ingressa no Carmelo de Colônia e ali, após o período de formação, profere os votos monásticos.

            A agora monja, Benedita da Cruz, desenvolve textos teológicos e reflete sempre sobre a oração, a dor, a cruz e a união sincera com Cristo, onde é preciso “tomar o sofrimento de quem ama e de quem é amado”, pois “Cristo vive em nós e sofre em nós, assim, nosso sofrimento continua a dar frutos”. Benedita da cruz, bebendo nas fontes de S. Teresa d’Ávilla, afirma que “rezar é estabelecer um diálogo infinito com Deus.

Sempre em constante reflexão sobre a cruz, e sob a influência da teologia paulina, seu fim não foi outro. Uniu-se totalmente à cruz de seu divino mestre passando pelo martírio nos campos de concentração da Alemanha Nazista. Como dizia sua superiora: “Se queres ser tudo, não queira ser coisa alguma”. No esvaziar-se de si encontrou o tudo de Deus.




[1] In: http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente3.shtml

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