quinta-feira, 12 de abril de 2012

SEGUNDO DIA DE VIOLÊNCIA CONTRA MANIFESTANTES EM CATALÃO


A Polícia Militar de Goiás continua com ação violenta contra manifestantes em Catalão. A truculência teve início ontem (10) durante marcha e panfletaço pela cidade para denunciar a tentativa do banco Itaú em despejar os camponeses Elvira Cândida de Jesus Pereira, seu esposo, João Batista Pereira, seus três filhos e o genro. A mobilização em prol dos camponeses e contra a brutalidade da polícia segue hoje e está sendo repreendida pela PM, também de forma excessiva. Em protesto, neste momento, a agência do Itaú foi ocupada por cerca de 300 pessoas.

A polícia e o homem que comprou, em leilão, a propriedade da família camponesa ameaçam quem participa da mobilização. O caos tomou as ruas da cidade. Alunos e professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), campus Catalão, são perseguidos pela polícia. Seguem as agressões também aos militantes do Movimento Camponês Popular (MCP) e de outros movimentos. Para o MCP, a brutalidade da ação é sinal claro que a PM em Goiás está sem comando.

O coordenador do MCP, Altacir Bunde, ressalta que “a ordem aqui em Goiás é bater continência ao Cachoeira e bater cassetete no povo”. Ainda hoje haverá reunião e negociação com o banco Itaú para evitar o despejo da família camponesa. O MCP espera que o banco bilionário se sensibilize com a situação da família, bem como com o desencadeamento da ação violenta da PM.



Violência da PM goiana

A ação da polícia teve início quando, durante discurso, do professor de geografia da UFG, Gabriel de Melo Neto, houve crítica ao envolvimento de políticos goianos com o esquema de jogos e propinas, revelados pela operação Monte Carlo, e a relação evidente de Carlinhos Cachoeira com políticos do estado. Gravações amadoras mostram agressões a manifestantes e revelam que o povo não agrediu a PM, como divulgado em alguns meios de comunicação. Cassetetes, cachorros, ameaças, tentativas de asfixia, golpes na cabeça são a tônica de repressão utilizada pela polícia.

O professor Gabriel foi ameaçado de morte e está sob os cuidados de uma equipe de manifestantes. Após o início das agressões, o professor foi ao Ministério Público, onde foi atendido pelo promotor Mário Henrique Caixeta e seguia para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito. Durante o percurso foi informado que o policial Hudson o aguardava no IML, dizendo a todos “Eu vou encontrar o Gabriel nem que seja no inferno”. As ameaças também partiram do policial Martins e de outros que ainda não foram reconhecidos. O professor Gabriel alerta “é de conhecimento de todos daqui da cidade que o policial Hudson presta serviços como segurança particular do deputado Jardel Sebba”.

Taíza Kézia de Melo, conhecida como Pará, do movimento estudantil, grávida de seis meses foi agredida ontem e hospitalizada na Santa Casa de Catalão. O camponês Alan Kardec, gravemente ferido, na cabeça, também foi hospitalizado e está se recuperando. Idosos também foram agredidos.

Dois estudantes do curso de geografia foram detidos ao tentar dialogar com a PM, são eles: Marcelo Rosa e Paulo Mota. Foi realizado boletim de ocorrência das agressões. Os manifestantes agredidos não fizeram exame de corpo de delito, porque médicos de Catalão se recusaram a realizar o exame. O promotor Mário Henrique Caixeta tirou fotos das vítimas. Os médicos temem represálias da polícia militar e preferiram não se envolver no caso.



Apoio

As Comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Goiás e da Câmara dos Deputados, em Brasília, foram acionadas ontem e acompanham o caso. Durante reunião, em Brasília, com o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Carlos Ferreira, também foi reportada os excessos da polícia militar de Goiás. Os deputados federais Domingos Dutra e Marina Sant´anna e o deputado estadual Mauro Rubem se mobilizaram para evitar o agravamento da situação. Será solicitada a realização de audiência pública no município sobre as violações de direitos humanos cometidas por policiais.

A população de Catalão, assustada com a polícia militar, apoia os manifestantes. Cada vez mais pessoas ligadas a sindicatos, igrejas, movimentos sociais, diretório acadêmico e demais organizações aderem à causa. Com o apoio do MCP, os manifestantes agredidos estão tomando as medidas junto ao Ministério Público e outros órgãos para que os abusos cometidos pela polícia sejam investigados, apurados e as providências cabíveis sejam tomadas.

Os manifestantes não vão se calar diante de uma série de injustiças que está ocorrendo em torno do caso. O acampamento na comunidade Ribeirão, na propriedade do casal João e Elvira segue montado para evitar a ação de despejo da família e mobilizações pelas ruas da cidade serão intensificadas. Com a truculência da polícia mais pessoas se juntaram ao acampamento.



Confira três vídeos [1] [2] [3] e fotos que revelam a truculência da PM

Comunicação MCP

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