terça-feira, 30 de agosto de 2011

I Encontro Mensal dos Grupos de Jovens da Paróquia N. Sra. Aparecida
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No domingo, dia 28 de agosto, foi realizado o I Encontro Mensal dos Grupos de Jovens da Paróquia N. Sra. Aparecida. Ainda que tenha faltado o Grupo de Jovens da Vila Matinha e da Comunidade Maria Imacula terem participado apenas alguns membros, contou com uma grande participação do grupo de Jovens EVC - Eu, Você e Cristo - da Comunidade Todos os Santos.



Como agosto é mês vocacional, o tema girou entorno da passagem da parábola do jovem rico e dela foi feita uma reflexão pelo seminarista Murah. Logo depois o seminarista Pedro Felipe propôs uma dinâmica e dividiu os jovens em dois grupos de reflexão. Que após refletirem em grupo apresentaram o que é preciso renunciar nos dias de hoje para seguir Jesus, ou seja, o que é preciso deixar para ganhar algo de muito mais valor.


Todo o encontro foi animado pelos jovens da Matriz: Janderson, Katyelle e Priscilla.
O próximo Encontro Mensal da Paróquia já está marcado. A data escolhida foi o dia 25 de setembro e também ficou definido que será sempre no quarto domingo do mês. Agende esta data, esperamos por você!



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pensamentos sobre Madri...

Dom Henrique Soares da Costa‏


Hoje, a imprensa da Espanha, da Itália e de outros países comenta, admirada, a Jornada Mundial da Juventude. Fala de um Papa de 84 anos que atraiu dois milhões de jovens; fala da vitória da Igreja sobre o governo esquerdista e anticlerical da Espanha de Zapatero, fala do Papa que sabe falar aos jovens, fala da força da Igreja que renasce na Espanha...

Meu querido Leitor, é a mesmíssima imprensa que já afirmou repetidamente que Ratzinger não tem carisma algum, que a Igreja já não tem credibilidade nenhuma, que o escândalo dos padres pedófilos colocou por terra o período triunfalista de João Paulo II, que a Igreja entrou numa decadência sem fim e sem cura... A mesma imprensa que tinha certeza de que, sem João Paulo II, os jovens não mais se reuniriam em tamanha multidão...

Que lições devemos tirar de tudo isto? Aquelas que tenho recordado constantemente neste Blog: os cristãos não devem nunca interpretar as coisas de Deus a partir dos critérios do mundo, particularmente aqueles da imprensa! Nossa visão tem que ser a partir do Alto, a partir da cruz e da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Pense um pouco: (1) Os jovens não foram a Madri por causa de Bento XVI – como no passado não foram por causa de João Paulo II: os jovens foram por causa de Cristo, foram para encontrar Jesus! Um Papa nunca é, nunca pode ser uma atração: não dança, não canta, não requebra, não é sarado, não faz pirueta e não aparece sob efeitos especiais! E se fizer isso, não é o Papa, é a Xuxa! Os jovens foram, vão e irão sempre a esses encontros pela sede que consome seus corações: por causa de Cristo, vida da nossa vida e saciedade da nossa esperança! (2) Um Papa não tem que ser “carismático” no sentido mundano. Todo Papa é carismático, porque, uma vez eleito, recebeu o carisma, isto é a cháris, a graça própria do ministério petrino. Pode ser o comunicativo João Paulo II, o simpático João Paulo I, o bonachão João XXIII, o hierático e angelical Pio XII, o feioso Bento XV, o valente Pio XI, o melancólico Paulo VI ou o tímido Bento XVI. O verdadeiro católico não ama um Papa, não ama esse Papa, ama o Papa, escuta o Papa, obedece ao Papa – exatamente porque é o Papa, seja ele quem for! Para o católico todo Papa é Pedro, e basta!
(3) Essa multidão reunida não é, não deve ser e não pode ser uma prova de força da Igreja! Nossa força está unicamente na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo – é a mesma força da Semana Santa do ano passado, quando a imprensa acusava a Santa Igreja de Cristo de ser uma rede internacional de pedófilos e se diziam misérias contra o Santo Padre! Nossa força é Cristo, nossa vida é Cristo, nossa certeza é Cristo, nossa alegria e esperança é Cristo! (4) É verdade que Zapatero, adversário ferrenho do cristianismo, está passando – como passaram outros e passarão tantos outros. Ficará a Igreja, a Mãe católica amabilíssima, porque Cristo assim o quis e assim o prometeu! Mas, não devemos pensar aqueles jovens como um triunfo da Igreja sobre ninguém. O único triunfo que devemos buscar é o triunfo sobre o pecado nosso e do mundo inteiro! Se Zapatero é um inimigo externo da Igreja, também nós a prejudicamos com nossos pecados e egoísmos, com nossa tibieza e falta de amor... Os piores inimigos da Igreja estão dentro dela! (5) Quanto ao renascimento da Igreja na Espanha ou em qualquer parte do mundo, ele não pode ser medido por números, por multidões ou eventos... Somente o Senhor da Igreja conhece o número dos seus, somente ele sabe do vigor e da fraqueza de sua Santa Esposa, nossa Mãe católica! No entanto, se aquela multidão de jovens na casa dos vinte anos estava lá, significa que nas paróquias, nos grupos, nos movimentos, nas novas comunidades, nas congregações há uma Igreja viva, crente, orante, disposta a testemunhar o Senhor! Lembra do fermento na massa, do grão de mostarda, do tesouro escondido? Pois é, Jesus não erra nunca; Jesus sabe o que diz e sustenta o que fala! (6) Quanto aos elogios a Bento XVI, que sabe falar aos jovens, ele fala de Cristo com simplicidade, clareza e a convicção de quem experimentou o Senhor ao longo de toda a vida. Isto basta! Mais impressionante que aquela multidão escutando o Papa de 84 anos, é vê-la, junto com o ancião pontífice, silenciosa, contida, piedosamente reverente, ante um pedacinho de pão que esses católicos bobos afirmam ser o próprio Jesus imolado e ressuscitado, realmente presente neste mundo! Basta ver isso para perceber a força da fé, a atuação da graça e a esperança do mundo. (7) Para terminar, repito, mais uma vez: se fossem somente vinte jovens a comparecer a Madri, ainda assim Cristo estaria ali, vivo, atuante, potente, matando a sede de todo aquele que dele se aproxime.

Lembre dessas coisas, meu Leitor, quando daqui a pouco, por algum motivo, nalguma dificuldade, a imprensa novamente decretar que a Igreja está no fim, que o cristianismo passou, que a religião é coisa do passado... Então: firmes na fé, com os olhos fixos em Cristo!


A GRAÇA DA FORMAÇÃO PERMANENTE


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Amedeo Cencine

Murah Rannier Peixoto Vaz
De 22 a 26 de agosto foi promovida em Brasília pelo Seminário N. Sra. de Fátima a “Semana de Formação Humana e Espiritual”. As turmas do 1º e 2º ano de teologia do Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz estiveram presentes nos dias 25 e 26 e participaram das conferências ministradas pelo renomado Padre italiano Amedeo Cencine, autor de diversas obras na área da formação humana e espiritual.
Os temas abordados por ele estavam interligados entre si e foram os seguintes: “Rumo a uma cultura da formação permanente”, “Mentalidade” e “Sensibilidade”. Sua abordagem apresenta uma visão interessante e, de certa forma, faz uma quebra de paradigmas quanto ao que correntemente é tido como formação permanente. Segundo Cencine, a formação permanente se dá no ordinário do dia a dia. Cada momento é cheio da graça formadora e torna-se preciso estar aberto a “aprender a aprender” a cada instante, momento ou experiência vivenciada, boas ou ruins, agradáveis ou desagradáveis. A essa atitude ele denomina “docibilitas”.
Logicamente a formação permanente deve compreender momentos de atualização, como faz o clero, os leigos (as) e religiosos (as). Deve até mesmo conduzir a eles, todavia tais momentos são extraordinários da formação permanente, pois o ordinário, como visto, se faz todos os dias.
Cencine ainda afirma que o agente ordinário da formação permanente é o próprio indivíduo e que o agente extraordinário é a Igreja. Para ele, ou a vida é uma formação permanente ou ela é uma frustração permanente e que se tornará uma deformação, pois nada que deixa de progredir permanece no mesmo lugar, mas na verdade regride. Portanto, para criar essa cultura da formação permanente torna-se necessário criar uma mentalidade, uma sensibilidade e uma prática pedagógica.
Na mentalidade o sistema intelectivo propicia o desenvolvimento da cultura da formação permanente, já na sensibilidade passa-se de algo objetivo para algo subjetivo (pessoal) que é enriquecido pela própria criatividade do indivíduo. No entanto, é preciso que isto passe da idéia teórica e do querer para a práxis teológica, real e universal, vivida existencialmente e com uma metodologia que se dá habitualmente.
Outro ponto pertinente é a distinção feita pelo conferencista entre perseverança e fidelidade. Perseverança seria algo próprio da vontade do indivíduo, comprometido com a própria palavra dada, mas, segundo Cencine, às vezes fica presa no orgulho pessoal, enquanto que a fidelidade nasce de uma relação e da fidelidade a outra pessoa: Jesus Cristo. A fidelidade nasce do encontro do Eu com o Tu de Cristo e, por isso, precisa do amor. O amor traz motivações sempre novas, fundamentadas na relação que, diante do outro, desestabilizam o Eu, que é posto em crise. Crise entendida como “docibilitas”, abertura a “aprender a aprender”.
Esse desestabilizar tira o Eu de seu lugar habitual e o reconduz a seu objetivo primordial: configurar-se a Cristo. A “docibilitas” abre o indivíduo a se deixar tocar pela realidade e, de tal modo, ele se entende como responsável pela integração pessoal, linear, educativa e formativa, encontrada na relação com a alteridade.
Finalizando, Cencine em todos os momentos pontuou que o objetivo e finalidade da formação permanente é o configurar-se a Cristo, modelo dramático e necessário, que implica cruz e morte. Para isso, torna-se obrigatório rememorar todos os momentos passados, ao invés de esquecê-los, e dar sentido a todos esses momentos, pois é preciso passar da cruz, frustrante e sem sentido, para a ressurreição, cheia de significado e repleta das sementes da graça da formação permanente.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

As imagens permitidas




Sobre questão das imagens, já exaustivamente justificada ao longo dos séculos pela Igreja, ainda cobre-se uma sombra de confusão. Essa questão, irmão Ismael, não teve início na “reforma” de 1517, mas muito antes já se punha em discussão a iconografia cristã. Felizmente, poucos eram os que se opunham às imagens cristãs. Existem dois artigos retirados de um site protestante, “Textos da Reforma”, cujos títulos mostram os seguintes dizeres “É abominação atribuir forma visível a Deus”, dividido em duas partes. Digo o seguinte: CONCORDO PLENAMENTE! Pode parecer estranho afirmar isso, posto que sou católico, mas vou lhe explicar. O texto, muito bem redigido sob aspectos normativos e, aparentemente, científicos, peca em detalhes de comum engano entre a teologia protestante. Um deles é a insistência de impor algo aos católicos, e esse “algo” é a “adoração” de imagens. Sim, a palavra é imposição, pois se há alguém que afirme alguma coisa de forma contínua e insistente, mesmo após o oponente apresentar contra-argumentos já à exaustão, com todas as contra-provas possíveis, esta afirmação se transforma em imposição de idéia.

O mundo é politeísta, pode se dizer assim. Não há concordância mundial entre qual é o “deus” que predomina, se há algum “deus” que predomina no mundo. O Deus dos cristãos é Iahweh, assim como dos judeus. O deus dos muçulmanos é Alah, que nada mais é do que o nome “deus” em árabe. Os espíritas dizem crer no mesmo deus que os cristãos, pois que “o cristianismo e o espiritismo ensinam as mesmas coisas” (citação livre do livro “Evangelho segundo o espiritismo”). Já nos tempos do patriarca Abraão, os babilônios dispunham de vários deuses, assim como todos os demais povos. A saber, Abraão foi o primeiro a professar o monoteísmo. Os romanos e gregos compartilham deuses que mudam de nome de uma cultura para outra, mas completamente antropomórficos. As religiões dos orixás fervilham em entidades deificadas. Os indígenas possuem deuses que hoje já deram até nome de time de futebol (aqui no Maranhão existe um time com nome de Tupã). O hinduísmo, com suas grandes histórias contidas nos Vedas, nos mostram deuses hierarquizados, aos milhares. Nas épocas antigas a superstição imperava no aparecimento de deuses. Para os nórdicos existe Tor, deus do trovão, filho de Odin, o deus dos deuses, e eterno inimigo de seu meio-irmão Loki, deus do mal. E assim vários outros deuses, ligados a algum fato natural ou função humana. Como vimos, “deuses” não faltam.

Entretanto, as três grandes religiões do mundo são monoteístas. A saber, o judaísmo, cristianismo e islamismo. Tudo começou quando Deus chamou o babilônio Abrão para uma terra desconhecida, e lhe prometeu ser “pai de uma multidão de povos”. A partir daí se formou o povo hebreu, mais tarde a religião judaica. O cristianismo teve seu embrião quando, na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho à terra para salvar-nos da segunda morte. Pouco mais de meio milênio após, ao futuro líder religioso Mohhammad foi enviada uma mensagem, proveniente de Deus, pelo arcanjo Gabriel. Era oAlcorão. Estava nascendo a religião islâmica.

É interessante notar que o Deus cristão é Uno e Trino, enquanto no judaísmo e islã Ele é tido como Único, sem Trindade nenhuma.

A estas três religiões Deus fez-se entender através de várias formas. Os livros sagrados das três religiões são incontestavelmente, para elas, obras de Deus, palavra inerrante e perfeita, e deve ser seguida como preceito divino, como o é de fato. O Torah judaico, o Evangelho cristão e o Alcorãoislâmico formam o conjunto das revelações de Deus para estes povos. Desobedecer algo que esteja escrito, partindo do pressuposto de que é palavra de Deus, é desobedecer ao próprio.

Moisés e o Pentateuco

Ao profeta Moisés Deus deu autoridade para ir diante do faraó egípcio que mantinha seu povo em cativeiro e reivindicar a liberdade, sob pena de castigo divino. Após o feito, a libertação do povo hebreu, Moisés levou-os ao deserto, tudo sob guia de Deus. No monte Sinai Deus teve uma conversa com Moisés, na qual deu a ele, escrita pelo dedo de Deus, as leis. Todo o Pentateuco, com exceção do Gênesis, agora dispõe de uma base legal para a formação da religiosidade do povo liberto por Deus do Egito, o qual fora prometida uma terra “que emana leite e mel”.


Essas leis, chamadas de Decálogo, estão escritas no livro do Êxodo, no capítulo 20, e repetidas no livro do Deuteronômio. Este é um dos capítulos mais usados pelos cristãos protestantes para acusar os católicos de “idolatria”. Vamos a ele, versículo 4:

Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima no céu, ou embaixo sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra.

Seguem-se os demais itens da lei.

No livro do Deuteronômio, caps. 27 e 28, estão umas das mais belas e mais aterrorizantes expressões de toda a bíblia: as bênçãos e as maldições. Dt 27, 15 cita o seguinte:

Maldito o homem que fabrica ídolo de madeira ou metal (abominação ao Senhor, obras de mãos de artesãos), e o erige mesmo que seja em lugar escondido.

Daí por diante a leitura nos acalma e apavora, nem sempre nessa ordem.

A caminhada de Moisés é encerrada com a idade de 120 anos, antes que ele pudesse atravessar o rio Jordão, por ordem de Deus, que também indicou Josué para ser o novo líder do povo de Israel. Moisés disse a Josué “Mostra-te varonil e corajoso, porque entrarás com esse povo na terra que o Senhor jurou a seus pais dar-lhes, e a repartirás entre eles”. (Dt 31, 7). Moisés, após um belo discurso abençoando as tribos de Israel, subiu ao monte Nebo, bem em frente à cidade prometida: Jericó, onde “morreu ali na terra de Moab, como o Senhor decidira” (Dt 34, 5).

Êxodo 20, 4a versus Êxodo 25, 18a.

Logo após Moisés ter recebido a lei do próprio Deus, ao descer do monte Sinai, focalizou algo que, como diríamos, foi o cúmulo. Os israelitas estavam adorando uma imagem, um bezerro feito de ouroque, para aquele povo, era o teu deus, que te tirou do Egito (Ex 32, 4b). É importante notar aqui esta frase, proclamada pelo povo: “Eis, ó Israel, o teu deus“. Note que o povo proclamava que o bezerrode ouro era um deus, e cantavam e dançavam ao redor dele. Também é interessante que Israel não tinha por intenção primária adorar outro deus, mas sim o mesmo Deus que os tirou do Egito, mas, fabricando uma imagem do invisível, acabariam por adorar uma criatura esculpida (um bezerro). A causa disto, sem dúvida, foi a demora de Moisés em descer do monte.

Em Êxodo 20, 4a temos estas palavras de Deus:

Não farás para ti escultura

Em Êxodo 25, 18a temos, também de Deus, estas palavras:

Farás dois querubins de ouro.

É comum observar a teologia protestante não atribuir importância a esse fato tão óbvio. O protestantismo alega que esses querubins não foram feitos para o mesmo fim que as imagens católicas são. Afirmam que “os Querubins, de asas estendidas, ocultavam a Deus, o véu o cobria e o próprio lugar, tão escondido, de si mesmo o ocultava (Ex 25.17,18,21). Portanto, salta aos olhos que os que tentam defender uma imagem de Deus ou de santos, citando o exemplo desses Querubins, estão enlouquecidos. Suplico, pois: Que significavam essas imagenzinhas senão que não existem formas apropriadas pelas quais se possam representar os mistérios de Deus? Elas foram feitas para, velando com as asas o propiciatório, impedir não só que os olhos humanos vissem a Deus, mas também com quaisquer de todos os outros sentidos e, dessa forma, pusessem um paradeiro à temeridade dos homens”. Essas “imagenzinhas” são, ironicamente, ordens de Deus. O que se discute aqui é a questão de proibir ou não uma imagem, e não de como usá-la. Deus, através da imagem da serpente de bronze, é quem vai nos mostrar como usar uma imagem.

Voltando ao texto, vemos que alude a uma “tentativa” da Igreja Católica de defender uma imagem de Deus ou de santos, mas vamos observar o seguinte:

Deus disse:

Não farás para ti escultura

E depois disse:

Farás dois querubins de ouro

Pode Deus ordenar uma coisa e depois “desordená-la” logo após? Claro que sim, afinal, Ele é Deus e pode tudo. Ele poderia permitir algo que Ele mesmo proibiu? Claro, Ele criou a lei, Ele É acima da lei. Esse detalhe mostra que Deus proibiu a confecção de imagens, mas não o fez de formaabsoluta. Para tudo Deus tem motivos, planos. A proibição de imagens teve um motivo, que quem estuda a bíblia mais profundamente, juntamente com a história das civilizações daquela época, consegue discernir. Da mesma forma, a permissão de Deus para que fossem feitas imagens também teve um motivo. Não há aqui contradição, mas uma sabedoria que transcende a nossa razão. Deus permitiu que fossem feitas certas imagens porque elas não teriam a função que as demais imagens porventura feitas pelo seu povo teriam: serem adoradas no Seu lugar. Aliás, não seriam elas, as imagens, o alvo da proibição de Deus, mas a crença em deuses fora dEle, oafastamento da aliança de Seu povo para com Ele. Este era o fim pelo qual o objeto que causava tais coisas, naquele tempo as imagens de deuses estranhos, foram proscritas, pois era assim que os povos representavam seu cotidiano, sua história, seus deuses, etc.


A ordem de Deus na feitura dos querubins era para proteger a tampa da Arca da Aliança, e era ondeDeus se manifestaria, do meio dos querubins (Ex 25, 22). Esses pequenos querubins não seriamadorados, mas com certeza, seriam respeitados como objetos sagrados, assim como toda a Arca, pois era que estava a lei de Deus. É isso que a Igreja Católica entende e ensina sob o nome deVeneração.

Lemos em Números 21, 8-9:

E o Senhor disse a Moisés: faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste… Moisés fez, pois, uma serpente de bronze

Se a ordem de Deus em Ex 20, 4 fosse absoluta, sem exceções, Moisés seria, “como os católicos”,idólatra? Mas não é esse o caso. Essa imagem também não era feita para adoração, mas era tida pelos hebreus com o maior respeito (veneração), por ser algo sagrado, mandado por Deus, pois quem olhasse para ela seria salvo, no sentido de obter a saúde, mas também uma figura da salvação oferecida por Nosso Senhor na cruz. E não era a imagem que salvava, mesmo o povo olhando em direção a ela, era Deus quem fazia a obra. Qualquer semelhança com hoje não é mera coincidência. A teologia protestante também vê aqui um “engano” católico. Essa serpente de bronze foi destruída pelo rei Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá, pois o povo estava prestando adoração a ela. Vejamos:

Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau, Asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até estão queimado incenso diante dela (Chamavam-na Nehustã) (2 Rs 18, 4)

O protestantismo aqui alega mais uma passagem contra as imagens, dizendo que o próprio Deus ordenou a sua destruição. E têm toda razão os evangélicos. Deus realmente ordenou a destruição dessa imagem, mas, como sempre, por algum motivo, qual seria? Os israelitas estão queimando incenso diante dela. Em outras palavras, estavam adorando-a, tanto que deram até nome a ela. Aqui não há semelhança com a queima de incenso usada pelos católicos pelo seu significado. Deus deu tal ordem porque Seu povo começou a confundir algo que deveria ser venerado, e passaram asubstituir as honras e adoração devida a Deus pela imagem da serpente.

Existe uma frase do direito romano que diz Abusus non tollit usus, o abuso não proíbe o uso. Sendo verdade que existem católicos que adoram imagens, o que não é nada impossível, mesmo assimnão seria motivo para destruir nem para deixar de usá-las. Aqui não há proibição para a feitura de imagem, mas fica clara a proibição quanto a adoração de imagem como um verdadeiro deus ou deusa, em esquecimento do Deus único e verdadeiro. Daí a proibição de Êxodo 20, 4. Quando,diante de uma imagem, diz-se “tu és meu Deus“, isto é idolatria. Mas é exatamente isto que os católicos não fazem. Veja o exemplo do bezerro de ouro. Os israelitas, com todas as palavras,disseramEis o teu deus Israel“. Aos santos e santas da Igreja não é dado outro nome que não o seu próprio, e não outra qualidade que não a que Deus os concedeu, a santidade, não a divindade. Não dizemos “ó São Francisco, nosso deus”… Sobre nós, católicos, dizem: “Eles dizem: ?Não chamamos às imagens de nossos deuses.? Nem os judeus nem os gentios chamavam deuses outrora”. A observação do episódio do bezerro em si atesta o erro da assertiva.

A Igreja Católica atribui formas visíveis a Deus?

As manifestações de Deus (teofania) eram visíveis. Mas a Igreja nunca intencionou atribuir formavisível a Deus, pois Ele é um Deus invisível, e não pode ser representado. As visões de Deus na bíblia apontam para um ancião sentado em um trono, mas a Igreja nunca impôs alguma imagem, nem de Deus nem de ninguém, nem repreende quem a faz de livre e espontânea vontade e sem compromisso. Dizer que a Igreja busca reproduzir uma imagem de Deus e que adora outros deusesé um grande absurdo. Deus é invisível, por isso toda tentativa de representa-lo como Ele deve ser e cultuar como uma divindade essa representação é correr risco de representar um deus desconhecido, e cair na idolatria. Outro motivo para Ex 20, 4.

Entretanto, quando o Senhor fez-se carne e habitou entre nós pelo seio virginal daquela que deve ser proclamada bem-aventurada por todas as gerações, Ele adquiriu forma humana, e, apesar de não haver nenhum “retrato falado” de Jesus, as fontes disponíveis tornaram possíveis as representações de Deus-Filho, nunca de Deus-Pai. Mesmo assim, a Igreja nunca definiu nenhuma imagem oficial, pois ela sabe que não chegará ao fiel. É por isso que Jesus é desenhado até sem a barba por alguns artistas.


Os cristãos sempre atribuíram formas às histórias bíblicas. Nas catacumbas romanas estão desenhos dos mais antigos. Os cristãos primitivos, que eram marginalizados, se reconheciam pelaimagem do peixe (ictis). Existem ícones atribuídos a São Lucas, que era grego. Inicialmente Jesus era representado como um pastor de ovelhas, em alusão à figura do Bom Pastor, e posteriormente passou a ser representado como crucificado. Não havia idolatria nenhuma nisso.

Quanto ao texto, este cita o seguinte “Uma vez feitas as imagens que representam Deus, segue-se de pronto a sua adoração, porque nelas os homens pensam contemplar a Deus e nelas também O adoram”. Vemos que o erro está na forma de conceber a utilidade das imagens na Igreja Católica: “imagens para representar Deus“. Este é outro pecado da teologia protestante. Construir imagempara representar Deus sempre será erro, até heresia, pois Ele não tem forma, é imaterial, não tem limites. Mas Seu Filho feito homem sim! E este pode ser representado. As imagens de santos em nenhum lugar onde pise um católico neste mundo têm objetivo de representar ninguém menos do que o próprio santo, e não Deus.

Não passa pela cabeça de católico algum que um Santo seja um “deusinho” para competir com o Deus verdadeiro; pelo contrário, sabemos todos que os Santos são Santos pela Graça de Deus. Ao se fazer uma imagem de um Santo, sabemos que não está se fazendo um “deusinho“, mashomenageando, como se homenageia com uma estátua em via pública, um irmão nosso que, nas palavras de São Paulo, chegou ao fim da corrida assim como admiramos a beleza da ação de Deus e Seu Espírito nesta pessoa, por isso damos tanta importância e respeitamos tanto os Santos do Senhor, pois não eram mais eles que viviam, mas o próprio Cristo que vivia neles, como nos diz São Paulo. Uma imagem não é sacra por ser uma imagem; ela deve ser abençoada, isto é, dedicada por um sacerdote ao serviço de Deus. Por ter sido abençoada, por ter se tornado um Sacramental, umobjeto separado pela Igreja para o culto a Deus. Semelhante aos judeus com a arca, devemos ter com ela o cuidado devido a algo que é propriedade exclusiva de Deus, além de representar alguém que é uma obra-prima de Deus: um Santo.

O que, na verdade, ensina a Igreja Católica?

A Igreja ensina o seguinte.

A imagem sacra, o ícone litúrgico, representa principalmente Cristo. Ela não pode representar Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova “economia” de imagens.

Antigamente Deus, que não tem nem corpo nem aparência, não podia ser em absoluto representado por uma imagem. Mas agora, que se mostrou na carne e viveu com os homens, posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus (…) com o rosto descoberto, contemplamos a glória do Senhor (São João Damasceno, Imagens, 1, 16)

A iconografia cristã transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e palavra iluminam-se mutuamente

Todos os sinais da celebração litúrgica são relativos a Cristo: são-no também as imagens sacras da santa mãe de Deus e dos santos. Significam o Cristo que é glorificado neles. Manifestam a “nuvem de testemunhas” (Hb 12,1) que continuam a participar da salvação do mundo e às quais estamos unidos, sobretudo na celebração sacramental. Através dos seus ícones, revela-se à nossa fé o homem criado “à imagem de Deus” (Rm 8, 29) e transfigurando-se “à sua semelhança” (1 Jo 3, 2), assim como os anjos, também recapitulados por Cristo.

Na trilha da doutrina divinamente inspirada por nossos santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que nela habita, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos. (II Concílio Ecumênico de Nicéia, 787).

A contemplação dos ícones santos, associada à meditação da Palavra de Deus e ao canto do hinos litúrgicos entra em harmonia dos sinais da celebração para que o mistério celebrado se grave na memória do coração e se exprima em seguida na vida nova dos fiéis.

Estes textos são dos parágrafos 1159-1162 do Catecismo da Igreja Católica.

Entretanto, a observação protestante não vê dessa forma. As imagens católicas, ao invés de “veneráveis” são “adoráveis“. Sim, são “adoráveis“. “Adorável“, tudo neste mundo é! Mas não são adoradas, são veneradas.

Mas “Não ignoro, nem se pode disfarçar, que eles fogem do problema, criando uma distinção enganadora, distinção de que faremos menção, novamente, de forma mais completa, mais adiante. Dizem eles que o culto que prestam às imagens é eidoludeleian (=serviço à imagem) e nãoeidolatria (=adoração de imagem). Falam assim, quando ensinam que, sem ofensa a Deus, pode-se atribuir ? às representações de escultura e pictória ? o culto a que dão o nome de dulia. Portanto, julgam-se sem culpa se são apenas os servos da imagem, e não adoradores também. Como se o servir não fosse mais importante que o adorar!”. Servir não é adorar em si. Poderíamos estender este possível conceito para os demais campos da vida? Se um empregado “serve” ao seu patrão, ele é um idólatra, pois, na verdade, está “adorando” aquele chefe. O que dizer dos responsáveis pela manutenção de esculturas nos museus, pelas empregadas domésticas, etc? Todos estes “servem” algo ou alguém o seu trabalho. Seriam os responsáveis pela limpeza de uma estátua, idólatras, mesmo sendo evangélicos? Poder-se-ia dizer que não é este o sentido da palavra servir. Pois qual seria? Servir no sentido de adorar? Então a palavra não é “servir” e sim “adorar”. O serviço a Deus é uma coisa. Adoração a Ele é outra. Muitas pessoas pelo mundo O servem, mesmo sem saber, pois não O conhecem, mas possuem em seus corações a essência de Seu mandamento. Por outro lado,existe quem o “adore”, mas não o serve, buscando apenas serem servidos.

É abominação atribuir forma visível a Deus? CONCORDO PLENAMENTE, reafirmo. Qualquer forma de atribuir uma imagem a Deus-Pai é errado. É abominação atribuir forma visível a Deus-Filho? Não! Deus-Filho, Nosso Senhor Jesus, tem forma humana visível, imagem do Deus invisível (Cl 1, 15). Elepode ser representado, e é isto que os cristãos sempre fizeram, sem perigo de ser um “deus falso”.

Quanto à idolatria, a Igreja ensina que

o primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige que o homem não acredite em outros deuses afora Deus, que não venere outras divindades afora a única. A Escritura lembra constantemente esta rejeição de “ídolos, ouro e prata, obras das mãos dos homens”, os quais “têm boca e não falam, têm olhos e não vêem…”. Esses ídolos vãos tornam as pessoas vãs: “os que fazem ficam como eles, todos aqueles que neles confiam” (Sl115, 4-5.8). Deus, pelo contrário, é o Deus “vivo” (Js 3, 10, etc), que faz viver e intervém na história.

A idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos de paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus. Existe idolatria quando o homem honra e venera a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou demônios, do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro, etc. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” disse Jesus. Numerosos mártires foram mortos por não adorarem “a besta” (Ap 13-14), recusando-se até a simular seu culto. A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus, é, portanto, incompatível com a comunhão divina.

O idólatra é aquele que “refere a qualquer coisa que não seja Deus a sua indestrutível noção de Deus”.

CCE 2112-2114

A teologia protestante, para esta descrição, diria “mas é isso que os católicos fazem, venerar um santo no lugar de Deus“. Esta afirmação carece de entendimento. Nós católicos veneramos santos, mas não no lugar de Deus. Deus continua sendo venerado e adorado sempre, sem “substituição“. Se se prestassem bem atenção às orações dirigidas aos santos poderia-se perceber que o fim, o objetivo da oração é a intercessão do santo a alguém maior que ele, e esse alguém é Deus. Apesar de o catolicismo popular geralmente exagerar nas devoções, e, aparentemente, parecer uma “idolatria”, na profundidade percebemos que não há culto de adoração a determinado santo ou santa, mas profundíssimo respeito e fé em sua intercessão. Deus conhece o coração de cada um de nós.

Quando se questiona o ato de se prostrar em frente a uma imagem como evidência de adoração se esquece que este ato de se prostrar não significa adorar, mas sim uma forma de representar respeito, humilhação ou humildade. Não podemos acusar o patriarca Abraão de idólatra quandotendo levantado os olhos, apareceram-lhe três homens que estavam em pé junto dele; logo que os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro, e prostrou-se por terra. E disse: Senhor, se achei graça diante dos Teus olhos, não passes adiante do teu servo (Gn 18,2), pois o ato em frente aos três homens, que na verdade eram anjos, não o desviou de Deus, como atesta sua oração. Os católicos, ajoelhando-se em frente a uma imagem nem por isso estão adorando-a, não a tem como deus, mas como um santo que pode interceder em favor deles, como atestam as suas orações. Creio que ainda vamos conversar sobre a intercessão dos santos…

São Tomás de Aquino, em sua famosa Summa Theologica, diz que

O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidade, mas as considera em seu aspecto próprio de imagem que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem.

Iconoclastas ? certos ou errados?

Em alguns pontos da história, a população cometeu excessos, fazendo com que houvesse uso abusivo das imagens. No século VIII, na Igreja Oriental, surgiu o movimento chamado iconoclasmo. Desde o começo, a arte cristã representou os santos. Na piedade popular dos gregos os famosos ícones tinham papel importante, sendo, sobretudo monges que incentivavam o uso das imagens como forma de avivar a fé. Contudo, como em outras expressões da Igreja Oriental, também aqui o perigo de excessos e usos errados das imagens era iminente. Desenvolveu-se uma verdadeira comercialização de imagens fora do âmbito da igreja (isso é importante frizar!). Houve abusos na representação de Cristo e Maria Santíssima nos mais variados objetos, desde móveis e roupas até brincos e anéis. Paulatinamente a população começou a confundir a imagem com o santo que a representava. Para esse povo simples, a diferença entre adoração e veneração corria o risco de ser esquecida.

No início do século VIII, desencadeia-se a luta entre os aguerridos adeptos das imagens e seus fanáticos adversários, os iconoclastas (destruidores de imagens). O imperador bizantino Leão III, o Isáurico, que libertara Constantinopla do islã em 717, e empreendia então a reconquista da Ásia Menor, colocou-se à frente dos iconoclastas. Ordenou, em 730, a retirada de todas as imagens das igrejas, inclusive as pintadas nas vestes litúrgicas. Esse movimento tinha influência das culturas judaicas e maometanas, sendo ambas radicais quanto às imagens. Só lembrando que em alguns países muçulmanos nem mesmo um retrato da mãe pode ser visto porque Alá é o único Deus e só Ele pode ser adorado.

Continuando. Leão III combateu os excessos da população com outro excesso, a destruição das imagens sacras. Como já Abusus non tollit usus. A representação de Cristo e dos santos pertencia legitimamente à herança cristã. Sua proibição radical feria a tradição secular da Igreja, e não tardou em assumir o iconoclasmo ares de heresia, pelo fato de parecer negar o direito de representar a humanidade de Cristo.

O patriarca de Constantinopla, Germano, recusou-se a aceitar a ordem do imperador e foi deposto. O papa da época, Gregório II excomungou os iconoclastas. Os monges se rebelaram abertamente. A luta pelas imagens sacras tomou ares de verdadeira guerra civil, que abalou os fundamentos do império. O povo viu no iconoclasmo uma monstruosa manifestação de despotismo político por parte do imperador. Meio século se passaria antes que voltasse a paz. A ortodoxia obteve a vitória quando a imperatriz Irene (797-802) alterou a política em favor da veneração das imagens. O Concílio Ecumênico de Nicéia II (787 d.C) restaurou a veneração das imagens, mas tomou medidas para que novos excesso não viessem a ocorrer de novo. Uma nova perseguição iconoclasta teve lugar sob o governo do imperador leão V, o Armênio (813-820), e seus seguidores. Até que, pela segunda vez, uma mulher assumisse o trono, a Imperatriz Teodora (842-856). Com ela a guerra iconoclasta teve seu fim definitivo em 842.

O Santo Concílio Ecumênico de Nicéia, 787 d. C.

O Concílio Ecumênico de Nicéia (787 d.C) restaurou a veneração das imagens, mas tomou medidas para que novos excesso não viessem a ocorrer de novo. O Santo Concílio disse:

Nós definimos com todo o vigor e cuidado que, à semelhança da representação da cruz preciosa e vivificante, assim as veneradas e sagradas imagens pintadas, quer em mosaico, quer em qualquer outro material adaptado, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas, nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas casas e ruas, sejam elas a imagem do Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa, a santa mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos justos

A Igreja Católica jamais obrigou alguém a adorar uma imagem – ao contrário do que as igrejas protestantes impõem. Prova disso são os documentos editados nestes 2000 anos pelo Magistério da Igreja, bem como pelos Padres e Teólogos católicos. Há, assim, uma unanimidade entre a Bíblia, a Sagrada Tradição e o Magistério, o que bem demonstra o fiel cumprimento da Palavra de Deus. Aliás, é bom que se diga: a Igreja Católica sempre condenou, desde os tempos apostólicos, a adoração de imagens. O catecismo do Concílio de Trento, em 1566, disse

A idolatria é cometida quando se adoram ídolos e imagens como se fossem Deus, ou quando se acredita que elas possuem qualquer divindade ou virtude que autorizam sua adoração, orando para elas ou confiando nelas

Também o novo Catecismo da Igreja Católica, fiel à Palavra de Deus, condena a adoração de imagens em seus parágrafos 2112 à 2114, já citados aqui. Portanto, por que retirá-las – já que não são deuses – se elas ajudam mais do que atrapalham, principalmente no campo pedagógico? Se, para você, elas são “abominação”, simplesmente não faça uso delas, porém, não as condene indiscriminadamente, pois até Deus as mandou fazer (cf.: Ex 25,18-20; 1Cr 28,18-19; Ez 41,15; Nm 21,8-9; etc…).

Não é porque os católicos têm estátuas nos templos e oram na frente delas que estão necessariamente violando o mandamento divino de Ex 20,4. Deus nunca condenou o uso de imagens; o que ele proibiu foi que adorássemos as imagens como, de fato, ocorreu com os hebreus que, verdadeiramente, adoraram um bezerro de ouro e, mais tarde, a própria serpente de bronze. Seria bom se o protestantismo não usasse as imagens para justificar sua posição separado, pois nem a própria Bíblia fornece subsídios suficientes para isso.


AQUINO, Felipe. Escola da Fé: Sagrada Tradição. Editora Cléofas, Lorena-SP, 2000.

Bíblia Sagrada. Edições Paulinas. São Paulo-SP, 1989.

Bíblia TEB ? Tradução Ecumênica. Edições Loyola. São Paulo, 1994.

BETTI, Pe Artur. O que o povo pergunta? Editora Vozes, 9ª edição, Petrópolis-SP, 2000.

BETTENCOURT, Pe Estevão Tavares, O.S.B. Conversando Sobre: 15 questões de fé. Editora Santuário, 14ª edição, Aparecida-SP, 2002.

Catecismo da Igreja Católica. Editora Vozes, 1993.

GAMBARINI, Pe Alberto Luiz. Perguntas e respostas Sobre a Fé. Editora Ágape, 22ª edição, São Paulo-SP, 2000.

SIMÕES, Pe Adelino F. Os Cristãos Perguntam. Editora Raboni, 2ª edição, Campinas-SP, 1997.

MATOS, Henrique Cristiano José. Introdução à História da Igreja vol-1. Editora O Lutador, 5ª edição, Belo Horizonte -MG, 1997.

Extraído de: http://reporterdecristo.com/as-imagens-permitidas

Cronologia Bíblica

RESTAURAÇÃO DURANTE O PERÍODO PERSA (538-333)
Out. de 539: o exército de Ciro entra na Babilônia. Ciro devolve às cidades os ídolos levados para a Babilônia.
O palácio de Passárgada.
Cambises: 530-522. Filho de Ciro. Conquista o Egito que permanecerá sob o Império Persa até o ano 400 (27ª dinastia).
Dario I: 521-486. Organiza o Império Pers: a Síria e a Palestina formam a 5ª Satrápia e o Egito a 6ª.
O palácio de Persépolis.
490: batalha de Maratona.
Xerxes I: 486-465 (= assuero).
480: toma Atenas, mas é derrotado em Salamina.
Artaxerxes I Longímano: 465-423. Revoltas no Egito e na Síria.
Em Atenas: Péricles.
Arsham, sátrapa do Egito: 455/4-403.
Xerxes II: 423.
Dario II Notos: 423-404.

















Artaxerxes II Mnemn: 404-359/8.
401: revolta de Ciro, o jovens, e expedição dos dez mil.
Cerca de 400: o Egito se liberta (28ª a 30ª dinastia: 400-342).
Platão.
Artaxerxes III Ocos: 359/8-338-7.
342: Reconquista do Egito (31ª dinastia: 342-332).
Filipe de Macedônia. Aristóteles.
Arses: 338/7-336/5.
Dario III: Codomano: 336/5-330.
Alexandre Magno: 336-323.
333: conquista da Síria.
332: conquista de Tiro e de Gaza. Entrada no Egito.
331: fundação de Alexandria.
331: destruição do Império persa na batalha de Arbelas.
330-326: conquista das Satrápias orientais e da Índia.
323: morte na Babilônia.












500







450


























400







350
Ageu e Zacarias.
Abdias.
Malaquias
538: edito de Ciro. Retorno do exílio.
Sasabassar, alto comissário.
Outono de 538: restauração do altar dos holocaustos.
Primavera de 537: fundação do segundo Templo.
520-515: construção do segundo Templo. O alto comissário Zorobabel e o sumo sacerdote Josué. Os profetas Ageu e Zacarias.
498 a 399: papiros da colônia judaica de Elefantina. O profeta Abdias.
Oposição dos samaritanos à reconstrução das muralhas de Jerusalém.
458: missão de Esdras, se Esd. 7,7 se refere à Artaxerxes I.
445-443: primeira missão de Neemias. Restauração das muralhas. Oposição de Sanabalat (governador de Samaria segundo uma carta de Elefantina), do amonita Tobias e do árabe Gosem.
Sob Xerxes e Artaxerxes I: o profeta Malaquias.
Possívelmente: Jó, Provérbios, Cântico, Rute e muitos Salmos.
428: missão de Esdras, se se Lê 37º ano ao invés de 7º em Esd. 7,7,-8.
Antes da morte de Artaxerxes: segunda missão de Neemias e reformas inspiradas no Deuteronômio.
419: rescrito de Dario sobre a Páscoa conforme papiro de Elefantina.
Cerca de 410: o caso do templo de Yaho em Elefantina.
Prosperidade dos judeus da Babilônia conforme arquivos da família de Murashu.
398: missão de Esdras, se se trata de Artaxerxes II, em Esd 7,7.
A legislação do Pentateuco, unificada por Esdras, é sancionada por Artaxerxes.
A Judéia forma um Estado Teocrático com moeda própria (dracmas trazendo a inscrição YHD = Judéia).
Antes de Alexandre: o profeta Joel e talvez a obra do Cronista: os livros das Crônicas e de Esdras-Neemias.
No tempo de Alexandre: Zc 9-14.
No fim da época persa ou início da época helenística: Jonas e Tobias.

sábado, 6 de agosto de 2011

Autobiografia de dom Eduardo, bispo de Goyaz

Já faz tempo que foi lançada essa biografia, tive a oportunidade de estar presente no lançamento e aproveito para divulgar para os amantes da história.
Católica lança a autobiografia de
dom Eduardo, bispo de Goyaz

(29/11/2007) - Ao comemorar 48 anos de história a serviço da educação no Centro-Oeste do Brasil, a Universidade Católica de Goiás, através do seu Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC) e da Editora UCG, lançou, neste dia 29, o livro “Passagens – Autobiografia de Dom Eduardo Duarte Silva, Bispo de Goyaz”, que integra a série “Memória Religiosa”. A obra é importante para se conhecer o pensamento de um Bispo do final do século XIX e o período chamado de “romanização” da Igreja no Brasil, especificamente no Estado de Goiás e Triângulo Mineiro. Veja mais fotos.

Com a obra, a UCG “quer contribuir para a preservação da memória da Igreja goiana, um maior conhecimento da história de Goiás e da formação religiosa de nossa gente”, ressaltou, na sua apresentação, o reitor Wolmir Amado. O lançamento foi prestigiado pelo chefe de Gabinete da Reitoria, professor Giuseppe Bertazzo, e pelos presidentes do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, escritor Aidenor Aires, e da Academia Belavistense de Letras e Artes, Nanci Ribeiro e Silva, dentre outros.

Manuscrito
O livro, de acordo com o diretor do IPEHBC, Antônio César Caldas Pinheiro, tem o seu original em um manuscrito autógrafo escrito a partir das lembranças, anotações e documentos recolhidos pelo autor. “Para chegarmos a esta versão – disse – foi necessário pesquisa em vários arquivos goianos”. Explicou que já se sabia da existência dessa autobiografia, por dela ter-se utilizado o escritor goiano cônego José Trindade da Fonseca e Silva, citando-a em seu livro “Lugares e Pessoas”. O primeiro contato do IPEHBC com a obra foi por meio do pesquisador Amir Salomão Jacob, que forneceu a cópia de uma transcrição datilografada pelo padre Renato de Francisco, redentorista, datada de 28 de novembro de 1962. Essa transcrição não continha todo o manuscrito, apenas a parte referente aos anos em que ele fora Bispo de Goiás.

De posse dessa cópia, “que julgávamos ser única, e não tendo notícias do original, o diretor do IPEHBC, à época o escritor José Mendonça Teles, mandou digitá-la para uma posterior publicação”, disse. Até esse momento não se conhecia o original manuscrito, quando um estudioso da vida de dom Eduardo, o pesquisador Josmar Ferreira da Silva, informou da existência do original com os padres redentoristas de Trindade. Localizado o manuscrito, a professora Janira Sodré Miranda, então diretora do IPEHBC, conseguiu o seu empréstimo ao Instituto para se realizar a sua transcrição e cotejar o original com a transcrição do padre Renato, “que se mostrou defeituosa, faltando-lhe alguns trechos, com as frases em latim ou em outras línguas neolatinas estropiadas e mesmo com imprecisões na transcrição”.

Josmar Ferreira da Silva, freqüentador assíduo do IPEHBC, ultimando sua pesquisa sobre dom Eduardo, localizou o seu “Diário”, a primeira versão de seus escritos, as anotações primeiras de dom Eduardo, redigidas no caminho para Goiás, nas suas viagens pastorais ou em seus aposentos no antigo Seminário Santa Cruz, anotações referenciadas algumas vezes em sua autobiografia. “No cotejamento entre “Passagens” e o “Diário”, claro está que dom Eduardo, depois de se retirar de Goiás, utilizou o Diário como fonte para escrever a primeira parte de sua autobiografia, já que ele cobre o tempo mediado entre a sua nomeação para bispo de Goiás, a sua entrada na sede diocesana de Sant’Ana de Goiás, a viagem a Trindade e Muquém e seu retorno à Cidade de Goiás”, esclareceu.

A segunda parte – que conta a transferência da sede diocesana da Cidade de Goiás para Uberaba, a criação da Diocese de Uberaba em 1907 e sua nomeação para bispo dessa Diocese, sua renúncia ao Episcopado em 1923 e sua mudança para o Rio de Janeiro – foi escrita posteriormente e terminada quando já estava radicado no Rio.

“Assim, uma análise da primeira parte da autobiografia em confronto com o Diário, dá-nos a exata noção de que dom Eduardo reconstruiu muitos episódios, dando-lhes um tom mais agradável, jocoso; suprimiu alguns fatos que poderiam ferir suscetibilidades, dando um toque literário a muitas anotações, tornando-as mais narrativas, explicando-as, anexando documentos, cartas de eclesiásticos e amigos, pastorais, artigos e notícias de jornais, dando a entender claramente que esta obra Passagens, a sua autobiografia, seria a obra finalizada”, completou.

Romanização
“Dom Eduardo, pastor da Igreja goiana de 1890 a 1907 foi, por excelência, o bispo da romanização da Diocese de Goiás, que à época alcançava todo o Triângulo Mineiro”, frisou, na apresentação do livro, o reitor Wolmir Amado. “Sua atuação junto às principais romarias goianas, Trindade e Muquém, influiu na forma da vivência da religiosidade popular e na assistência religiosa por parte do clero”, afirmou, para completar: “E isto não se deu sem embates. A descrição de dom Eduardo acerca destes conflitos traz à tona debates ainda hoje não de todo resolvidos: a religiosidade popular e a doutrina oficial da Igreja”.

Com descrições ricas em detalhes, ele revela as transformações no campo religioso goiano, a penetração do protestantismo, espiritismo, a presença da maçonaria e idéias liberais. Revela ainda, “ao nosso tempo, o homem e a mulher simples do sertão, com suas crenças, seu modo de vida, sua ingenuidade, características a princípio criticadas pelo Bispo recém chegado da Europa”.

Conforme ressaltou, “dom Eduardo, porém, apesar de imbuído de toda a sua cultura apreendida nas universidades e ambiente eclesiástico romanos, pouco-a-pouco se transforma em admirador daquele povo portador de um coração sincero, religioso, conformado e confinado ao contexto de um sertão longínquo, com uma Igreja ainda impregnada das situações herdadas do padroado régio e marcada pelas vivências populares do catolicismo”.

Durante seu bispado, a Diocese de Goiás passou por importantes mudanças, como a chegada das ordens religiosas que atenderam a seu pedido, vindo atender os locais de romaria, atuando nas obras sociais e na educação, e a própria transferência da sede do bispado da Cidade de Goiás para Uberaba (MG), em 1896.

A descrição que dom Eduardo faz de Goiás e do Triângulo Mineiro, de suas visitas pastorais, dos ‘causos’ ocorridos em suas viagens pelo sertão, “da religiosidade popular e credulidade do matuto são fontes importantes para os que se dedicam a estudar as transformações ocorridas com a proclamação da República, a atuação dos Bispos ligados ao movimento ultramotanista, a reorganização da Igreja brasileira em um novo contexto político brasileiro”, concluiu o professor Wolmir Amado.
Extraído de: http://www2.ucg.br/flash/Flash2007/Novembro07/071129bispo.html

Foto: Weslley Cruz