segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A GRAÇA DA FORMAÇÃO PERMANENTE


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Amedeo Cencine

Murah Rannier Peixoto Vaz
De 22 a 26 de agosto foi promovida em Brasília pelo Seminário N. Sra. de Fátima a “Semana de Formação Humana e Espiritual”. As turmas do 1º e 2º ano de teologia do Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz estiveram presentes nos dias 25 e 26 e participaram das conferências ministradas pelo renomado Padre italiano Amedeo Cencine, autor de diversas obras na área da formação humana e espiritual.
Os temas abordados por ele estavam interligados entre si e foram os seguintes: “Rumo a uma cultura da formação permanente”, “Mentalidade” e “Sensibilidade”. Sua abordagem apresenta uma visão interessante e, de certa forma, faz uma quebra de paradigmas quanto ao que correntemente é tido como formação permanente. Segundo Cencine, a formação permanente se dá no ordinário do dia a dia. Cada momento é cheio da graça formadora e torna-se preciso estar aberto a “aprender a aprender” a cada instante, momento ou experiência vivenciada, boas ou ruins, agradáveis ou desagradáveis. A essa atitude ele denomina “docibilitas”.
Logicamente a formação permanente deve compreender momentos de atualização, como faz o clero, os leigos (as) e religiosos (as). Deve até mesmo conduzir a eles, todavia tais momentos são extraordinários da formação permanente, pois o ordinário, como visto, se faz todos os dias.
Cencine ainda afirma que o agente ordinário da formação permanente é o próprio indivíduo e que o agente extraordinário é a Igreja. Para ele, ou a vida é uma formação permanente ou ela é uma frustração permanente e que se tornará uma deformação, pois nada que deixa de progredir permanece no mesmo lugar, mas na verdade regride. Portanto, para criar essa cultura da formação permanente torna-se necessário criar uma mentalidade, uma sensibilidade e uma prática pedagógica.
Na mentalidade o sistema intelectivo propicia o desenvolvimento da cultura da formação permanente, já na sensibilidade passa-se de algo objetivo para algo subjetivo (pessoal) que é enriquecido pela própria criatividade do indivíduo. No entanto, é preciso que isto passe da idéia teórica e do querer para a práxis teológica, real e universal, vivida existencialmente e com uma metodologia que se dá habitualmente.
Outro ponto pertinente é a distinção feita pelo conferencista entre perseverança e fidelidade. Perseverança seria algo próprio da vontade do indivíduo, comprometido com a própria palavra dada, mas, segundo Cencine, às vezes fica presa no orgulho pessoal, enquanto que a fidelidade nasce de uma relação e da fidelidade a outra pessoa: Jesus Cristo. A fidelidade nasce do encontro do Eu com o Tu de Cristo e, por isso, precisa do amor. O amor traz motivações sempre novas, fundamentadas na relação que, diante do outro, desestabilizam o Eu, que é posto em crise. Crise entendida como “docibilitas”, abertura a “aprender a aprender”.
Esse desestabilizar tira o Eu de seu lugar habitual e o reconduz a seu objetivo primordial: configurar-se a Cristo. A “docibilitas” abre o indivíduo a se deixar tocar pela realidade e, de tal modo, ele se entende como responsável pela integração pessoal, linear, educativa e formativa, encontrada na relação com a alteridade.
Finalizando, Cencine em todos os momentos pontuou que o objetivo e finalidade da formação permanente é o configurar-se a Cristo, modelo dramático e necessário, que implica cruz e morte. Para isso, torna-se obrigatório rememorar todos os momentos passados, ao invés de esquecê-los, e dar sentido a todos esses momentos, pois é preciso passar da cruz, frustrante e sem sentido, para a ressurreição, cheia de significado e repleta das sementes da graça da formação permanente.

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