terça-feira, 24 de abril de 2012

OS HOMENS E AS COISAS



Ter defeitos não é o maior defeito.

O maior defeito é não tentar corrigir o que pode ser corrigido.

Já encontrei, na vida, homens e mulheres assim:

HOMENS-PORTA: não sabem cumprir sua obrigação sem ranger.

HOMENS-ÁRVORE: dão galho por qualquer motivo.

HOMENS-RIO: quando saem do leito causam encrenca.

HOMENS- PAPEL: só servem para embrulhar, complicando o que é simples.

HOMENS-VASSOURA: só andam onde há lixo.

HOMENS-ESPELHO: só vêem a si mesmos.

HOMENS-ROMANCE: vivem fora da realidade. Lembram as telenovelas brasileiras.

HOMENS-BORBOLETA: revoam de flor em flor.

HOMENS- POSTO DE GASOLINA: vivem enchendo.

HOMENS-CARROÇA: quanto mais vazios, mais barulho fazem.

HOMENS-BALÃO: muito inchados, mas só de vento e superficialmente.

HOMENS-TREPADEIRA: agarram-se aos outros para subir na vida.

HOMENS-BATERIA: cautela, não encoste neles, pode dar faísca, incêndio.

HOMENS- GUARDA DE TRÂNSITO: só funcionam quando postos na rua.

HOMENS-VÍTIMA: só encontram felicidade quando ficamos com pena deles.

HOMENS-GUITARRA MODERNA: falam e gritam com todo o volume aberto.


Afortunadamente, existe também um outro tipo de homens e mulheres.

HOMENS-CIRINEU: ajudam o próximo a carregar a sua cruz.

HOMENS-ALEGRIA: por onde passam, semeiam bondade e amor.

HOMENS- ESPERANÇA: acreditam nos homens e num Mundo melhor.

HOMENS-COMUNIDADE: trabalham e lutam de mãos dadas com seus irmãos.

HOMENS-ORAÇÃO: rezam e dão o melhor de si mesmos, sem fazer publicidade.

HOMENS-PONTE: ligam as duas margens, o tempo e a eternidade.

HOMENS-PERFUME: plantam flores e benemerências, ao longo dos seus caminhos.

HOMENS- VÉU DE VERÔNICA: enxugam lágrimas e confortam corações aflitos, atribulados.

HOMENS-CÁLICES DE REDENÇÃO: transportam Cristo e seu evangelho, no gesto humilde de quem está a serviço e reconhece ser apenas instrumento. Nada mais.


Publicado anteriormente no Jornal Cristo Ativado

domingo, 22 de abril de 2012

Organização e luta garantem permanência de família na terra



Após vinte e cinco dias de intensas mobilizações, contra a tentativa do banco Itaú de expulsar família camponesa de sua terra, o juiz Antenor Eustáquio Borges Assunção, cancelou o leilão da propriedade do casal Elvira Cândida de Jesus e João Batista Pereira. O Judiciário de Catalão (GO) anulou o leilão, por considerar que o preço pelo qual a propriedade foi arrematada foi de apenas 35% do valor de mercado. Com a decisão, os quatro manifestantes que seguiam há cinco dias sem comer, interromperam o jejum.

O Movimento Camponês Popular (MCP) vai aguardar o desdobramento final do processo e continuar pressionando para que o Itaú apresente o valor atualizado da dívida, respeitando a resolução 4.028 do Banco Central, sobre a repactuação de dívidas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Isso revela a falta de compromissos de um banco que teve, ano passado, o maior lucro da história do país, mais de 13 bilhões de reais.

Para o MCP, ganhar essa luta é de fundamental importância, principalmente porque temos no país cerca de 800 mil famílias camponesas que não conseguem pagar dívidas do Pronaf.  É notável que as políticas públicas de crédito não são suficientes para garantir renda. Enquanto isso, o apoio ao agronegócio tem sido, nos últimos anos, incondicional. “O cancelamento do leilão foi motivo de muita comemoração e demonstrou que com organização e luta é possível se fazer justiça em nosso país”, ressalta o coordenador do MCP, Altacir Bunde.

O caso sensibilizou professores e alunos, inclusive o reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira Brasil, e o diretor do Campus de Catalão, Manoel Chaves Rodrigues, se solidarizaram com a situação. Bem como religiosos, religiosas, sindicatos, outros movimentos e organizações sociais. Foram de grande importância para o desfecho positivo, a contribuição do deputado estadual e coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Goiás, Mauro Rubem (PT GO), e da deputada federal por Goiás, Marina Sant´anna (PT).  

segunda-feira, 16 de abril de 2012

COMEÇA JEJUM, por tempo indeterminado, contra o Banco Itaú e o Judiciário em Catalão




Após fracasso da reunião realizada na última quinta-feira (12), no qual o banco Itaú rejeitou acordo para pagamento da dívida dos camponeses Elvira Cândida de Jesus Pereira e João Batista Pereira e manteve a ordem de despejo contra a família. Elvira Cândida, que mora e trabalha com a família, em uma pequena propriedade rural no município de Catalão, no sudeste goiano, iniciou jejum.


A reunião foi mediada pelo Ministério Público Federal e contou com participação de representantes do banco Itaú, o casal de camponeses e representantes do Movimento Camponês Popular (MCP).  Durante a reunião, o banco propôs o pagamento de vinte mil reais, reconhecendo assim o absurdo do valor que está sendo cobrado na justiça de oitenta mil reais. Mas, vinculou o recebimento da dívida à homologação do leilão e ao despejo da família da propriedade, o que foi rechaçado pelos camponeses que lutam para permanecer na terra. Diante disso, ficou claro o objetivo do Itaú que não é receber a dívida, mas expropriar a família que está disposta a pagar a dívida junto ao banco e busca garantir seu direito de permanecer na terra.


Diante de tamanha insensibilidade social por parte do Itaú e da Justiça, a senhora Elvira Cândida decidiu entrar em processo de jejum, por tempo indeterminado, e está disposta a dar sua vida para defender seu local de moradia e de seus quatro filhos e um genro, bem como sua única fonte de sobrevivência. Em solidariedade à família, o camponês e membro da direção do MCP, Ronaldo Rodrigues da Costa, também entrou em jejum para conclamar por justiça.


A senhora Elvira Cândida de Jesus mesmo sabendo que o povo brasileiro, de longe, considera o poder judiciário, o mais injusto, o mais antidemocrático, o mais corporativo, o mais servil aos interesses dos ricos, como vem ocorrendo no caso do Itaú, ainda mantém esperança no cancelamento do leilão. Especialmente porque quando foi feito o financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), seu João deu como garantia a penhora de animais e a hipoteca da terra, mas, estranhamente, o Judiciário de Catalão em vez de executar a penhora, que seria uma forma menos agravante, leiloou a terra, por menos da metade de seu valor e, agora, quer despejar a família que não tem para onde ir.


Diante de tantas tentativas, sem sucesso, para solucionar o problema e garantir sua única fonte de moradia e de sobrevivência, a senhora Elvira Cândida de Jesus entrou em jejum para exigir que:


1)    O Banco Itaú peça, imediatamente, o cancelamento do Leilão.


2)    O Judiciário de Catalão cancele o leilão de sua terra.


3)    O Ministério da Justiça, dado ao clima de medo instalado na região após a violência da Polícia Militar de Goiás e as ameaças sofridas por várias pessoas, intervenha para garantir a segurança das pessoas que estão sendo ameaçadas.


4)    O Governo Federal - que até agora mesmo tendo conhecimento do caso, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), nada fez - intervenha junto ao banco Itaú para que o mesmo apresente o valor atualizado da dívida, baseada na resolução 4.028 do Banco Central, que permite a repactuação de dívidas. Além disso, como na propriedade há investimento do Governo Federal, do Minha Casa Minha Vida, através do Programa Nacional Habitação Rural (PNHR) e que não consta nos autos do processo de leilão da terra.



quinta-feira, 12 de abril de 2012

SEGUNDO DIA DE VIOLÊNCIA CONTRA MANIFESTANTES EM CATALÃO


A Polícia Militar de Goiás continua com ação violenta contra manifestantes em Catalão. A truculência teve início ontem (10) durante marcha e panfletaço pela cidade para denunciar a tentativa do banco Itaú em despejar os camponeses Elvira Cândida de Jesus Pereira, seu esposo, João Batista Pereira, seus três filhos e o genro. A mobilização em prol dos camponeses e contra a brutalidade da polícia segue hoje e está sendo repreendida pela PM, também de forma excessiva. Em protesto, neste momento, a agência do Itaú foi ocupada por cerca de 300 pessoas.

A polícia e o homem que comprou, em leilão, a propriedade da família camponesa ameaçam quem participa da mobilização. O caos tomou as ruas da cidade. Alunos e professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), campus Catalão, são perseguidos pela polícia. Seguem as agressões também aos militantes do Movimento Camponês Popular (MCP) e de outros movimentos. Para o MCP, a brutalidade da ação é sinal claro que a PM em Goiás está sem comando.

O coordenador do MCP, Altacir Bunde, ressalta que “a ordem aqui em Goiás é bater continência ao Cachoeira e bater cassetete no povo”. Ainda hoje haverá reunião e negociação com o banco Itaú para evitar o despejo da família camponesa. O MCP espera que o banco bilionário se sensibilize com a situação da família, bem como com o desencadeamento da ação violenta da PM.



Violência da PM goiana

A ação da polícia teve início quando, durante discurso, do professor de geografia da UFG, Gabriel de Melo Neto, houve crítica ao envolvimento de políticos goianos com o esquema de jogos e propinas, revelados pela operação Monte Carlo, e a relação evidente de Carlinhos Cachoeira com políticos do estado. Gravações amadoras mostram agressões a manifestantes e revelam que o povo não agrediu a PM, como divulgado em alguns meios de comunicação. Cassetetes, cachorros, ameaças, tentativas de asfixia, golpes na cabeça são a tônica de repressão utilizada pela polícia.

O professor Gabriel foi ameaçado de morte e está sob os cuidados de uma equipe de manifestantes. Após o início das agressões, o professor foi ao Ministério Público, onde foi atendido pelo promotor Mário Henrique Caixeta e seguia para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito. Durante o percurso foi informado que o policial Hudson o aguardava no IML, dizendo a todos “Eu vou encontrar o Gabriel nem que seja no inferno”. As ameaças também partiram do policial Martins e de outros que ainda não foram reconhecidos. O professor Gabriel alerta “é de conhecimento de todos daqui da cidade que o policial Hudson presta serviços como segurança particular do deputado Jardel Sebba”.

Taíza Kézia de Melo, conhecida como Pará, do movimento estudantil, grávida de seis meses foi agredida ontem e hospitalizada na Santa Casa de Catalão. O camponês Alan Kardec, gravemente ferido, na cabeça, também foi hospitalizado e está se recuperando. Idosos também foram agredidos.

Dois estudantes do curso de geografia foram detidos ao tentar dialogar com a PM, são eles: Marcelo Rosa e Paulo Mota. Foi realizado boletim de ocorrência das agressões. Os manifestantes agredidos não fizeram exame de corpo de delito, porque médicos de Catalão se recusaram a realizar o exame. O promotor Mário Henrique Caixeta tirou fotos das vítimas. Os médicos temem represálias da polícia militar e preferiram não se envolver no caso.



Apoio

As Comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Goiás e da Câmara dos Deputados, em Brasília, foram acionadas ontem e acompanham o caso. Durante reunião, em Brasília, com o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Carlos Ferreira, também foi reportada os excessos da polícia militar de Goiás. Os deputados federais Domingos Dutra e Marina Sant´anna e o deputado estadual Mauro Rubem se mobilizaram para evitar o agravamento da situação. Será solicitada a realização de audiência pública no município sobre as violações de direitos humanos cometidas por policiais.

A população de Catalão, assustada com a polícia militar, apoia os manifestantes. Cada vez mais pessoas ligadas a sindicatos, igrejas, movimentos sociais, diretório acadêmico e demais organizações aderem à causa. Com o apoio do MCP, os manifestantes agredidos estão tomando as medidas junto ao Ministério Público e outros órgãos para que os abusos cometidos pela polícia sejam investigados, apurados e as providências cabíveis sejam tomadas.

Os manifestantes não vão se calar diante de uma série de injustiças que está ocorrendo em torno do caso. O acampamento na comunidade Ribeirão, na propriedade do casal João e Elvira segue montado para evitar a ação de despejo da família e mobilizações pelas ruas da cidade serão intensificadas. Com a truculência da polícia mais pessoas se juntaram ao acampamento.



Confira três vídeos [1] [2] [3] e fotos que revelam a truculência da PM

Comunicação MCP