sexta-feira, 23 de novembro de 2012

FESTA DE CRISTO REI - FESTA DE TODA A HUMANIDADE REDIMIDA



Murah Rannier Peixoto Vaz
 
Neste domingo, 34º do tempo comum, a Igreja encerra seu calendário litúrgico com a festa de “Cristo Rei do Universo”.

A realeza e a soberania de Jesus são inigualáveis, seu poder e autoridade estão a serviço de todos, de modo preferencial, mas não exclusivo, dos pequenos, dos pobres, dos fracos e excluídos da sociedade.

Jesus é um Rei-Pastor, rei pobre, humilde, que não vem para ser servido, mas para servir. Nisto consiste todo o esplendor do Cristo Rei: os menores serão os maiores e os maiores serão os menores em Seu Reino messiânico. Tal Reino já foi instaurado e está no meio de nós, ainda que não em sua plenitude e, infelizmente, possua luzes e trevas, avanços e retrocessos, mas é o Reino de um povo a caminho, o “povo de Deus”, povo peregrino que sabe aonde quer chegar e por onde deve passar. Celebrar Cristo Rei é celebrar a festa de toda a humanidade redimida que, pelo batismo, foi enxertada no Cristo e hoje é parte de seu corpo místico (a Igreja) que se estende sobre toda a terra.
 
 


ORAÇÃO
 



Senhor e Rei de minha vida,

Vos peço, jamais me abandones,

Estejas sempre comigo

e ajuda-me a permanecer em Ti.

Só a Ti pertencem a honra, glória e poder,

sabedoria, louvor e divindade.

 

Tua bondade supera todo o entendimento.

Entrego a Ti toda a soberania

para que reines em minha vida

e governe-a.

Tu és o meu tudo,

em Ti repousa a minha esperança.

 

Da indigência retiraste-me,

ergueste-me da miséria que outrora fora

para enriquecer-me com o Teu amor.

Arrancaste-me das cadeias de meu egoísmo,

quebraste-me o grilhão do individualismo,

libertaste-me de meu narcisismo.

 

Mas, sempre outra vez,

sou necessitado que Tu venhas

e resgate-me, de novo e de novo,

para reconduzir-me ao Teu caminho,

à Verdade plena e à fonte de vida.




Obrigado, Senhor, pelos dons que me concedes.

Ajuda-me a estar a serviço, a ser serviço,

doação e entrega pelo irmão.

Em Tua Igreja antevemos e gozamos das primícias do Reino,

Participamos de Vosso banquete Eucarístico,

Nele recebemos o Teu corpo dado e o Teu derramado.

 

Inquieto estava o meu coração,

até encontrar e experimentar da Tua amizade e do Teu infinito amor.

A Teu exemplo, prevaleça o altruísmo.

Olhando a Ti, indica-nos Teus gestos de caridade.

Resplandeces, Senhor, Tua face amorosa sobre a terra,

renova-a, a começar por mim...

 

Dignifica-nos, Senhor,

faz-nos melhores,

e leva-nos a contemplar-vos na Santíssima Trindade.

Dá-nos vê-la face a face

e a participar do banquete eterno

do Teu Reino.

 
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

CONTRASTES

 
Murah Rannier Peixoto Vaz
 
Sopra a brisa suave
Estrondam-se os céus
O eterno se faz visível
Como por detrás de um véu
 
Revela e desvela
Rebaixa e eleva
Contorce os carvalhos do Líbano
Dobra o orgulho e a soberba
 
Braço estendido e brado poderoso
Estirado e apregoado na árvore viva
Brada forte, por misericórdia e perdão
Despedaça muralhas de divisão
 
Agora as vistas se embaçam
A visão se obscurece
Mas o vemos na fração do pão
Que alimenta, salva, e vida eterna merece.
 
Ainda há de vir a plena visão
E os que vêem por detrás do véu,
No tempo da consumação,
Hão de ver a face de Deus!!!!!!!!!!

 


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

LIBERDADE PARA AMAR


 

Murah Rannier Peixoto Vaz


Caminho... pés descalços sobre o chão

As pedras ferem-me os pés, mas não me causam dor

De suas feridas brota amor

O pó da terra fecundado pelo melaço que jorra

Torna-a fértil

Que a vida que aqui irrompe viceje

Produza frutos e alimente bocas

Bocas que não se fecham

Em meio a tanta fome de justiça e de pão.

 

Mesmo as árvores mais centenárias

Um dia cumprem seu erário

Voltando definitivamente a ser uma só com a mãe terra

Como também nós que, ao fim de tudo, somos pó

Dele viemos, a ele voltaremos

Pois a esta vida nada trazemos e nada levaremos

 

Caminho... pés descalços sobre o chão

Em busca de associar-me à terra

Numa ânsia de nela enraizar-me

Para que uma relação mutualista

Possamos partilhar.

Que os frutos produzidos arrebentem suas vagens

E que o irmão vento se encarregue de as sementes levar

Essas também nasçam, cresçam, floresçam

E Produzam novos frutos

 

E o que resta afinal?

Um solo fértil, uma floresta esplendorosa

Contendo os frutos e as sementes

Da única coisa em nós que permanecerá...

Ah, bendito melaço derramado

Bendito aquele que se doa!

Jamais morrerá, eternizar-se-à em seus frutos de amor.


COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO

 
 


Murah Rannier Peixoto Vaz

Levante-se e venha para o meio

Não demores...

Levanta-te e vem!

 

“Opa”, espere... Vou aí ajudá-lo

Como irmão apoiá-lo

Vou ao teu encontro.

 

Vamos juntos

Braços dados

Vamos...

 

Até Jesus se deixou ajudar

O Cirineu tomou a cruz

E o ajudou a levantar.

 

Vem para o meio, irmão!

E você, pode ajudar também?!?

Vem...

FÉ E TESTEMUNHO

 
História contada por Nelson Alves/
Versão por Murah Rannier Peixoto Vaz
 
Um homem entrou em ônibus após sair do trabalho para ir à Igreja. Lá iria encontrar-se com sua mulher e filhos na porta daquele local. Esse trajeto era-lhe habitual, sempre o fazia, especialmente aos domingos, quando iam todos juntos.
Entretanto, naquele dia, ao subir ao ônibus, pagou sua passagem, recebeu o troco e continuou caminhando. Um pouco adiante percebeu que o motorista errara ao dar-lhe o troco. Havia ali um real a mais. Pensou consigo: “Mas o que são um real a mais ou a menos”, colocou o dinheiro no bolso e sentou-se.
No decorrer do trajeto, assim como trepidava o ônibus com as freadas bruscas e as curvas, seus pensamentos estavam agitados. Sua consciência o acusava do erro que estava cometendo. Arrependido, aquele homem resolve devolver o que havia recebido a mais. Alguns quarteirões antes do ponto em que desceria, o qual ficava defronte à Igreja, levantou-se de seu lugar e foi até o motorista.
Repentinamente o ônibus parou em um semáforo e aquele homem chamou ao motorista lhe dizendo: “Acho que o Sr. se enganou e me voltou um pouco a mais. Surpreendentemente, o motorista lhe respondeu: “Não, eu não me enganei. Fiz de propósito! Sinto que me falta algo, tenho procurado algum tipo de fé. Vejo-o com sua família indo à missa todos os domingos e, às vezes, como hoje, até em dias de semana vocês se encontram após o seu trabalho para a oração. Pensei comigo: ‘Deixe-me ver se a fé dele é diferente e se a sua religião o faz diferente dos outros. Pois bem, agora me convenci”.
O motorista pediu perdão por sua atitude e agradeceu aquele homem por ajudá-lo. Atônito, o homem voltou ao seu banco e pensava: “Meu Jesus... Judas te traiu por trinta moedas de prata e eu quase te traí por um real”...

ABRIGADOS À SOMBRA DA CRUZ



Murah Rannier Peixoto Vaz
 
A casa de tábua

A casa de lata

A casa de papelão

Casa daqueles que sofrem nesse chão.

 

Muitos passam por eles...

Os veem, mas não os sentem.

Os ouvem, mas não os acolhem.

Passam... mas não se aproximam.

 

A mansão do ricaço de concreto e aço

Ocupa um quarteirão.

O casebre do pobre se equilibra

Sobre a nobre barranca do ribeirão.

 

Realidade que contrasta, agride e afasta

Os que não têm um pedaço de pão.

Desprezados e humilhados

Novamente hoje é dia de crucificação.

 

Dai senhor enxerga-los e senti-los

Ouvi-los e acolhê-los.

Promove em cada um a conversão.

Te peço Senhor, comece pelo meu coração.


 

 
 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

IGREJA & COMUNHÃO DOS SANTOS



Murah Rannier Peixoto Vaz
 
O dia 1º de novembro é o dia de "Todos os Santos", conhecidos e desconhecidos, reconhecidos ou anônimos. Por sinal, a Igreja Católica é um celeiro de santas vocações e isso ocorre em todos os períodos de sua história, mesmo em seus momentos difíceis. Isso porque a Igreja é Santa, ela é o corpo místico de Cristo (1 Cor 10,16-17) inserido na história e o corpo de Cristo (a Igreja) unido à sua cabeça (Cristo) não é um corpo pecador. A Igreja também é Sacramento de Cristo e, por esse motivo, Sacramento Universal da Salvação. De tal modo, uma multidão de homens e mulheres que passaram pela morte nos antecedem e já gozam das delícias celestes (Hb 12, 1).


 
Pelo Batismo, a Igreja gera novos filhos e filhas pela graça do Espírito Santo. Este mesmo Espírito a renova e a faz sempre nova, sem mácula e nem ruga, para apresentar-se santa e irrepreensível diante de seu divino esposo com quem se uniu de tal forma que se tornaram uma só carne. Essa união é um profundo mistério proclamado por São Paulo em sua Carta aos Efésios (5,21-33). Por tudo isso, hoje é um dia de grande alegria para nós, pela certeza de que muitos irmãos e irmãs se fazem presentes na Igreja Triunfante, a Igreja Celeste, e de lá rogam por nós por estarem plenamente unidos à Cristo.


Nesse dia de "Todos os Santos" é justo refletir sobre a comunhão dos santos que se dá na unidade eclesiológica. Hoje transbordamos de alegria por tantos homens e mulheres que em suas vidas se conformaram tão perfeitamente ao Cristo que o transpareceram em seus gestos e atitudes, que mereceram adentrar ao Reino prometido por Cristo, na Jerusalém Celeste, a Igreja Exultante e Triunfante .
Isso também nos faz olhar para nossos outros irmãos e irmãs que em suas vidas lutaram para perseverar e também dar testemunho de Cristo, que tiveram seus deslizes, seus erros e pecados[1], mas também acertos e a conversão de vida. Estes, por sua vez, passam pela purificação de suas faltas, pelo crisol (fogo) purificador[2] (1 Cor 3,11-15). Deus os purifica assim como um ourives que tira todas as impurezas do ouro para que a jóia possa transparecer com todo a sua beleza. Estes nossos irmãos e irmãs que se purificam formam aquilo que chamamos de "Igreja Padecente" e passam por aquilo que se convencionou chamar de Purgatório, de onde niguém sairá até que se pague o último centavo (Mt 5,22-23).
Por outro lado, voltar nossos olhares para a Igreja Triunfante e para a Igreja Padecente leva-nos a um terceiro olhar, que recai sobre nós que aqui estamos e que formamos a "Igreja Militante" ou "Peregrina". Nós, membros da "Igreja Militante" podemos olhar para as virtudes dos Santos (as) (Igreja Trinfante) e para os limites de muitos de nossos irmãos (Igreja Padecente) e buscar seguir a via de Cristo, a via da perfeição, tendo os santos como modelos e setas que nos apontam essa via de Cristo e sabendo, porém, que muitos de nossos irmãos e irmãs necessitam de nossas orações (2 Mc 12,38-46) para que possam, purificados pelo crisol do purgatório (Lc 12,45-48), também merecer a graça de adentrar à "Igreja Triunfante". Nisso consiste a comunhão dos santos, todos nós unidos e auxiliando-nos uns aos outros nessa caminhada. Triste vida é a daqueles que rejeitam tal comunhão, que, por primeiro, trata-se de uma comunhão com o Cristo que nos une nele, com ele e por ele.
Em suma, como todo o corpo padece se um de seus membros sofre com a dor ou doença, também todo corpo partilha daquele alimento que é ingerido ou do remédio que vem para sanar a doença e a dor. Assim acontece com os santos, pois além dos méritos de Cristo que lhes uniu em si, lhes concedeu a salvação e as graças necessárias, também os méritos pessoais, ainda que sejam resposta à própria graça de Deus que nos capacita para toda boa obra, são levado em conta e agora estão à disposição para a comunhão de todo o corpo, ou seja, de toda a Igreja (Celeste, Padecente ou Militante).
Quando dizemos no Credo “creio na comunhão dos Santos”, professamos que nós da Igreja Militante podemos interceder pelos mortos (Igreja Padecente), intercerder por nossos outros irmãos e irmãs, ainda que sejam aqueles que nos fazem o mal, além de pedir a intercessão dos santos por nós[3] e também pelos mortos. Como vimos, os santos, nossos irmãos que gozam da glória de Deus (Igreja Triunfante/Celeste), podem interceder por nós e por aqueles que estão no Purgatório. Já nossos irmãos que padecem no purgatório são sempre necessitados e carecem de nossas orações, indulgências e sufrágios por suas almas para que pufiquem-se[4] e possam então gozar das delícias do Reino de Deus.
 


 

Quanto mais caminhamos em nossa fé e em nossa vida de Igreja, tanto mais crescemos em nossa compreensão sobre as Escrituras e na “nossa , que da Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão de nossa alegria em Cristo, nosso Senhor”. Reconheçamos, então, que:
“A Igreja não é uma Instituição humana
mas, uma Instituição divina,
não é uma corporação,
mas o Corpo de Cristo.
 
Cristo é a cabeça da Igreja
e seus membros são os cristãos batizados
que vão conformando suas vidas à Cristo".
 
            Portanto, se existem santos isso deve ao fato de que uniram suas vidas ao "Santo dos Santos".  Trilhemos também nós esse caminho de santidade...




[1] Há pecados que não provocam uma morte ou pena eterna (inferno) e outros que sim. Vejamos o que diz São João em sua 1ª carta “Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não conduz à morte, que ele ore e Deus dará a vida a este irmão, se, de fato, o pecado não conduz à morte. Existe pecado que conduz à morte, mas não é a respeito deste que digo que se ore. Toda iniquidade é pecado, mas há pecado que não conduz à morte”. Embora não conduzam para a pena eterna, esses pecados não excluem as penas temporais, que podem ser sanadas já em vida, pela oração, penitência e caridade, mas se no fim da vida ainda restou ainda alguma pena, depois da morte há o purgatório.
[2] Bento XVI afirmou na sua catequese de quarta-feira, dia 12 de outubro de 2011, que: "O purgatório não é um elemento das entranhas da Terra, não é um fogo exterior, mas interno. É o fogo que purifica as almas no caminho da plena união com Deus". Trata-se, portanto, de uma experiência de encontro com Deus e caminho de conversão rumo à eternidade.
[3] Tenhamos bem claro que pedir a intercessão e o culto de veneração que prestamos aos santos (dulia) em nada se compara à adoração (latria) que prestamos a Deus. São ações diferentes e quem afirmar que um católico adora aos santos compreendeu mal nossa doutrina e nos acusa falsamente. Trata-se, portanto de um ataque infundado, sem razão, difamatório e calunioso. A Igreja Católica proíbe aos seus fieis qualquer tipo de adoração aos santos, pois esse tipo de culto deve ser dirigido apenas a Deus. Enquanto cristãos, os católicos creem na Santíssima Trindade, o Deus Uno e Trino (Pai, Filho e Espírito Santo), portanto, orações de adoração podem ser dirigidas às três pessoas da Santíssima Trindade.
[4] Os filhos de Levi cometeram um pecado e por isso perderam a vida, mas o profeta Malaquias afirma em seu livro que mesmo eles serão purificados: “Quem poderá suportar o dia de sua chegada? Quem poderá ficar de pé, quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como o sabão dos lavadeiros. Ele virá para fundir e purificar a prata. Ele purificará os filhos de Levi, e os acrisolará como ouro e prata” (Ml 3,2-3).