segunda-feira, 12 de novembro de 2012

LIBERDADE PARA AMAR


 

Murah Rannier Peixoto Vaz


Caminho... pés descalços sobre o chão

As pedras ferem-me os pés, mas não me causam dor

De suas feridas brota amor

O pó da terra fecundado pelo melaço que jorra

Torna-a fértil

Que a vida que aqui irrompe viceje

Produza frutos e alimente bocas

Bocas que não se fecham

Em meio a tanta fome de justiça e de pão.

 

Mesmo as árvores mais centenárias

Um dia cumprem seu erário

Voltando definitivamente a ser uma só com a mãe terra

Como também nós que, ao fim de tudo, somos pó

Dele viemos, a ele voltaremos

Pois a esta vida nada trazemos e nada levaremos

 

Caminho... pés descalços sobre o chão

Em busca de associar-me à terra

Numa ânsia de nela enraizar-me

Para que uma relação mutualista

Possamos partilhar.

Que os frutos produzidos arrebentem suas vagens

E que o irmão vento se encarregue de as sementes levar

Essas também nasçam, cresçam, floresçam

E Produzam novos frutos

 

E o que resta afinal?

Um solo fértil, uma floresta esplendorosa

Contendo os frutos e as sementes

Da única coisa em nós que permanecerá...

Ah, bendito melaço derramado

Bendito aquele que se doa!

Jamais morrerá, eternizar-se-à em seus frutos de amor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário