Murah
Rannier Peixoto Vaz
Caminho...
pés descalços sobre o chão
As
pedras ferem-me os pés, mas não me causam dor
De
suas feridas brota amor
O pó
da terra fecundado pelo melaço que jorra
Torna-a
fértil
Que a
vida que aqui irrompe viceje
Produza
frutos e alimente bocas
Bocas
que não se fecham
Em
meio a tanta fome de justiça e de pão.
Mesmo
as árvores mais centenárias
Um
dia cumprem seu erário
Voltando
definitivamente a ser uma só com a mãe terra
Como
também nós que, ao fim de tudo, somos pó
Dele
viemos, a ele voltaremos
Pois
a esta vida nada trazemos e nada levaremos
Caminho...
pés descalços sobre o chão
Em
busca de associar-me à terra
Numa
ânsia de nela enraizar-me
Para
que uma relação mutualista
Possamos
partilhar.
Que
os frutos produzidos arrebentem suas vagens
E que
o irmão vento se encarregue de as sementes levar
Essas
também nasçam, cresçam, floresçam
E
Produzam novos frutos
E o
que resta afinal?
Um
solo fértil, uma floresta esplendorosa
Contendo
os frutos e as sementes
Da
única coisa em nós que permanecerá...
Ah,
bendito melaço derramado
Bendito
aquele que se doa!
Jamais
morrerá, eternizar-se-à em seus frutos de amor.
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