segunda-feira, 12 de novembro de 2012

LIBERDADE PARA AMAR


 

Murah Rannier Peixoto Vaz


Caminho... pés descalços sobre o chão

As pedras ferem-me os pés, mas não me causam dor

De suas feridas brota amor

O pó da terra fecundado pelo melaço que jorra

Torna-a fértil

Que a vida que aqui irrompe viceje

Produza frutos e alimente bocas

Bocas que não se fecham

Em meio a tanta fome de justiça e de pão.

 

Mesmo as árvores mais centenárias

Um dia cumprem seu erário

Voltando definitivamente a ser uma só com a mãe terra

Como também nós que, ao fim de tudo, somos pó

Dele viemos, a ele voltaremos

Pois a esta vida nada trazemos e nada levaremos

 

Caminho... pés descalços sobre o chão

Em busca de associar-me à terra

Numa ânsia de nela enraizar-me

Para que uma relação mutualista

Possamos partilhar.

Que os frutos produzidos arrebentem suas vagens

E que o irmão vento se encarregue de as sementes levar

Essas também nasçam, cresçam, floresçam

E Produzam novos frutos

 

E o que resta afinal?

Um solo fértil, uma floresta esplendorosa

Contendo os frutos e as sementes

Da única coisa em nós que permanecerá...

Ah, bendito melaço derramado

Bendito aquele que se doa!

Jamais morrerá, eternizar-se-à em seus frutos de amor.


COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO

 
 


Murah Rannier Peixoto Vaz

Levante-se e venha para o meio

Não demores...

Levanta-te e vem!

 

“Opa”, espere... Vou aí ajudá-lo

Como irmão apoiá-lo

Vou ao teu encontro.

 

Vamos juntos

Braços dados

Vamos...

 

Até Jesus se deixou ajudar

O Cirineu tomou a cruz

E o ajudou a levantar.

 

Vem para o meio, irmão!

E você, pode ajudar também?!?

Vem...

FÉ E TESTEMUNHO

 
História contada por Nelson Alves/
Versão por Murah Rannier Peixoto Vaz
 
Um homem entrou em ônibus após sair do trabalho para ir à Igreja. Lá iria encontrar-se com sua mulher e filhos na porta daquele local. Esse trajeto era-lhe habitual, sempre o fazia, especialmente aos domingos, quando iam todos juntos.
Entretanto, naquele dia, ao subir ao ônibus, pagou sua passagem, recebeu o troco e continuou caminhando. Um pouco adiante percebeu que o motorista errara ao dar-lhe o troco. Havia ali um real a mais. Pensou consigo: “Mas o que são um real a mais ou a menos”, colocou o dinheiro no bolso e sentou-se.
No decorrer do trajeto, assim como trepidava o ônibus com as freadas bruscas e as curvas, seus pensamentos estavam agitados. Sua consciência o acusava do erro que estava cometendo. Arrependido, aquele homem resolve devolver o que havia recebido a mais. Alguns quarteirões antes do ponto em que desceria, o qual ficava defronte à Igreja, levantou-se de seu lugar e foi até o motorista.
Repentinamente o ônibus parou em um semáforo e aquele homem chamou ao motorista lhe dizendo: “Acho que o Sr. se enganou e me voltou um pouco a mais. Surpreendentemente, o motorista lhe respondeu: “Não, eu não me enganei. Fiz de propósito! Sinto que me falta algo, tenho procurado algum tipo de fé. Vejo-o com sua família indo à missa todos os domingos e, às vezes, como hoje, até em dias de semana vocês se encontram após o seu trabalho para a oração. Pensei comigo: ‘Deixe-me ver se a fé dele é diferente e se a sua religião o faz diferente dos outros. Pois bem, agora me convenci”.
O motorista pediu perdão por sua atitude e agradeceu aquele homem por ajudá-lo. Atônito, o homem voltou ao seu banco e pensava: “Meu Jesus... Judas te traiu por trinta moedas de prata e eu quase te traí por um real”...

ABRIGADOS À SOMBRA DA CRUZ



Murah Rannier Peixoto Vaz
 
A casa de tábua

A casa de lata

A casa de papelão

Casa daqueles que sofrem nesse chão.

 

Muitos passam por eles...

Os veem, mas não os sentem.

Os ouvem, mas não os acolhem.

Passam... mas não se aproximam.

 

A mansão do ricaço de concreto e aço

Ocupa um quarteirão.

O casebre do pobre se equilibra

Sobre a nobre barranca do ribeirão.

 

Realidade que contrasta, agride e afasta

Os que não têm um pedaço de pão.

Desprezados e humilhados

Novamente hoje é dia de crucificação.

 

Dai senhor enxerga-los e senti-los

Ouvi-los e acolhê-los.

Promove em cada um a conversão.

Te peço Senhor, comece pelo meu coração.