segunda-feira, 16 de abril de 2012

COMEÇA JEJUM, por tempo indeterminado, contra o Banco Itaú e o Judiciário em Catalão




Após fracasso da reunião realizada na última quinta-feira (12), no qual o banco Itaú rejeitou acordo para pagamento da dívida dos camponeses Elvira Cândida de Jesus Pereira e João Batista Pereira e manteve a ordem de despejo contra a família. Elvira Cândida, que mora e trabalha com a família, em uma pequena propriedade rural no município de Catalão, no sudeste goiano, iniciou jejum.


A reunião foi mediada pelo Ministério Público Federal e contou com participação de representantes do banco Itaú, o casal de camponeses e representantes do Movimento Camponês Popular (MCP).  Durante a reunião, o banco propôs o pagamento de vinte mil reais, reconhecendo assim o absurdo do valor que está sendo cobrado na justiça de oitenta mil reais. Mas, vinculou o recebimento da dívida à homologação do leilão e ao despejo da família da propriedade, o que foi rechaçado pelos camponeses que lutam para permanecer na terra. Diante disso, ficou claro o objetivo do Itaú que não é receber a dívida, mas expropriar a família que está disposta a pagar a dívida junto ao banco e busca garantir seu direito de permanecer na terra.


Diante de tamanha insensibilidade social por parte do Itaú e da Justiça, a senhora Elvira Cândida decidiu entrar em processo de jejum, por tempo indeterminado, e está disposta a dar sua vida para defender seu local de moradia e de seus quatro filhos e um genro, bem como sua única fonte de sobrevivência. Em solidariedade à família, o camponês e membro da direção do MCP, Ronaldo Rodrigues da Costa, também entrou em jejum para conclamar por justiça.


A senhora Elvira Cândida de Jesus mesmo sabendo que o povo brasileiro, de longe, considera o poder judiciário, o mais injusto, o mais antidemocrático, o mais corporativo, o mais servil aos interesses dos ricos, como vem ocorrendo no caso do Itaú, ainda mantém esperança no cancelamento do leilão. Especialmente porque quando foi feito o financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), seu João deu como garantia a penhora de animais e a hipoteca da terra, mas, estranhamente, o Judiciário de Catalão em vez de executar a penhora, que seria uma forma menos agravante, leiloou a terra, por menos da metade de seu valor e, agora, quer despejar a família que não tem para onde ir.


Diante de tantas tentativas, sem sucesso, para solucionar o problema e garantir sua única fonte de moradia e de sobrevivência, a senhora Elvira Cândida de Jesus entrou em jejum para exigir que:


1)    O Banco Itaú peça, imediatamente, o cancelamento do Leilão.


2)    O Judiciário de Catalão cancele o leilão de sua terra.


3)    O Ministério da Justiça, dado ao clima de medo instalado na região após a violência da Polícia Militar de Goiás e as ameaças sofridas por várias pessoas, intervenha para garantir a segurança das pessoas que estão sendo ameaçadas.


4)    O Governo Federal - que até agora mesmo tendo conhecimento do caso, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), nada fez - intervenha junto ao banco Itaú para que o mesmo apresente o valor atualizado da dívida, baseada na resolução 4.028 do Banco Central, que permite a repactuação de dívidas. Além disso, como na propriedade há investimento do Governo Federal, do Minha Casa Minha Vida, através do Programa Nacional Habitação Rural (PNHR) e que não consta nos autos do processo de leilão da terra.



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