terça-feira, 1 de novembro de 2011

O POVO ACÁDIO – ASCENÇÃO E DECLÍNIO.

Murah Rannier Peixoto Vaz
Segundo Rolland, as primeiras civilizações surgiram no oriente médio, Egito e Mesopotâmia durante o V e IV milênio. Isso se dá devido “à fertilidade garantida pelos rios, e a uma organização política e social já muito desenvolvida” (ROLLAND, 1972, p. 17).
Da Acádia, segundo Mackenzie, a única passagem bíblica que se refere à essa cidade está em “Gn 10, 10, juntamente com Babel e Arac, como parte do Reino de Nemrod”(1984, p. 10). Acádia (ou Ágade, Agade, Agadê, Acade ou ainda Akkad) é o nome dado tanto a uma cidade como à região onde se localizava, na parte superior da baixa Mesopotâmia, situada à margem esquerda do Eufrates, entre Sippar e Kish (no atual Iraque, a cerca de 50 km a sudoeste do centro de Bagdá), “embora não se tenha certeza sobre a sua localização exata” (MACKENZIE, 1984, p.10). Geralmente, contudo, é comum referir-se à cidade como Ágade (ou Agade), e à região como Acádia.
Os acádios, grupos de nômades vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar nos territórios ao norte das regiões sumérias, terminando por dominar as cidades-estados desta região. A cidade/região alcançou seu cume de poder no III milênio[1] antes da ascensão da Babilônia. Por volta de 2500 a.C. a maioria das cidades-templos foi unificada pela primeira vez por Lugal-zage-si [2], soberano da cidade-estado de Uruk. Foi a primeira manifestação de uma idéia imperial de que se tem notícia na história. Porém, mesmo antes da conquista, já ocorria uma síntese entre as culturas suméria e acádia, que se acentuou com a unificação dos dois povos. Os ocupantes assimilaram a cultura dos vencidos, embora, em muitos aspectos, as duas culturas mantivessem diferenças entre si, como por exemplo - e mais evidentemente - no campo religioso.

Sargon e Narâm-Sin foram principais reis da dinastia acádica[3]. Quando Sargon (ou Sargão), subiu ao poder, por volta de 2470 a.C. após reunir um exército e derrotar Lugal-zage-si, rei sumério que dominava a Mesopotâmia[4]. De lá em diante, Sargon continuou conquistando muitas das regiões circunvizinhas, terminando por criar um império de grandes proporções, cobrindo todo o Oriente Médio, “do mediterrâneo ao Golfo Pérsico” (ROLLAND, 1972, p. 25) e chegando a se estender até o Mar Mediterrâneo e a Anatólia. Sargon é o primeiro “rei das multidões e das quatro regiões do mundo” (APUD ROLLAND, 1972, p. 25), foi a primeira vez no mundo antigo que na Mesopotâmia se configurou num Estado.
A dinastia acádica criada por Sargon durou mais de um século[5] e seu reinado durou 56 anos, porém seus herdeiros Rimush e Manishtusu, respectivamente nessa ordem sobem ao trono e são assassinados. Coube a seu sobrinho, Narâm-Sin, combater as revoltas em quase todas as cidades da região. Isso ocorre antes da invasão do povo Guto, assim, enfraquecidos, foi facilitada a dominação dos gutos. Porém, posteriormente a Narâm-Sin, Rolland aborda o reinado de outro filho de Sargon, chamado Sharkalisharri, em cujo reinado sofre a derrota decisiva do povo acádio no ano de 2285 a.C. Entretanto, ainda não é o fim da Dinastia de Sargon, pois alguns príncipes permanecem à frente de um reino reduzido. O fim da Dinastia somente se dá no ano de 2245 a. C. quando os chefes dos gutos eliminam definitivamente o poder político semita[6].

A língua falada na região era o acádio e como uma língua semítica suas características gramaticais são extremamente similares às encontradas no árabe clássico. Falada na antiga Mesopotâmia, particularmente pelos assírios e babilônios, é a mais antiga língua semítica registrada. Provavelmente tenha surgido de forma estruturada no ano 2000 a. C. e muito utilizada até o ano 500 a. C[7]. Ela utilizava a escrita cuneiforme, que por sua vez havia sido derivada do antigo sumério, uma língua isolada sem qualquer parentesco e da qual o acádio herdou a escrita cuneiforme[8]. O nome da língua é derivado da cidade de Acádia, um dos principais centros da civilização mesopotâmica.
A Acádia era conhecida como o centro do mais bem-sucedido império jamais visto, o qual se estendia aos quatro cantos do mundo. Tão prestigioso era o seu nome que os reis babilônios intitularam-se “rei de Acádia” até o advento do período persa.
BIBLIOGRAFIA:
MACKENZIE, JOHN L.(Redator). Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1984.
ROLLAND, Jacques-Francis (Supervisor). Historama – A grande aventura do homem. Argentina: Codex, 1972.
BORN, A. Van Den. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 2ª Ed, 1977.


[1] Mackenzie cita prováveis datas de outros dois autores “(2350 - 2180 a.C., Albright; 2350-2150 a.C., Moortgat)” (MACKENZIE, 1984, p.10). Todavia, entre os autores que nos utilizamos vê-se várias datas discordantes.
[2] Cf. ROLLAND, 1972, p. 17-18.
[3] Segundo Born, foram um total de onze reis, desses sobressaem-se além de Sargon e seu sobrinho, Narâm-Sin, os filhos de Sargon, que reinaram antes de Narâm-Sin, Rimush e Manishtusu (1977, p. 14).
[4] Cf. ROLLAND, 1972, p. 25.
[5] Segundo Born, o período dessa dinastia durou por 197 ou 181 anos (1977, p. 14).
[6] Cf. ROLLAND, 1972, p. 25-27..
[7] Cf. MACKENZIE, 1984, p.10.
[8] Cf BORN, 1977, p. 14.

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