domingo, 3 de abril de 2016

DOMINGO DA MISERICÓRDIA






Esse domingo é chamado de domingo da misericórdia, também estamos vivenciando o ano da misericórdia instituído pelo Papa Francisco. Sobre a misericórdia ela pode ser aplicada em diversas realidades, à todas as pessoas e aos erros e pecados que cometemos. Porém, gostaria de falar sobre a misericórdia em um de seus aspectos, o qual o Papa Francisco deu à todos os padres do mundo nesse ano santo da misericórdia a concessão de retirar a excomunhão e dar a absolvição sacramental em casos de ABORTO provocado àqueles que o realizaram ou que colaboraram de alguma forma para que ele ocorresse. Também se enquadra aqui o uso da PÍLULA DO DIA SEGUINTE.

O perdão para estes casos sempre existiu, mas somente para quem se arrepende e passa por um processo de conversão e mudança de atitudes. Antes de 2016 o padre a quem uma mulher que cometeu o pecado do aborto procurasse deveria entrar em contato com o bispo e, exposto arrependimento da pessoa, o Bispo concedia a licença para cada caso do padre poder retirar a excomunhão e dar a absolvição dos pecados. A partir de então o próprio padre observa o arrependimento e delibera sobre estes aspectos. Já me procuraram várias vezes e perdoei em quase todas, exceto quando a pessoa disse não se arrepender. E caso a pessoa não esteja sinceramente arrependida a absolvição é nula e sem efeitos, a pessoa permanece com o pecado. O perdão é bíblico, desde que Jesus criou o sacramento da reconciliação (confissão) ao soprar o Espírito Santo sobre os discípulos e lhes ordena no Evangelho de João: "A quem perdoardes os pecados estes serão perdoados, a quem não os perdoardes estes serão retidos" (Jo 20, 22-23). ou será que Jesus não tem esse poder para transmitir e comunicar a quem ele quiser, como o fez com os discípulos e a àqueles que os sucederam? O texto bíblico é bem claro, quem não recebe o perdão diretamente não é perdoado e esse poder foi deixado aos apóstolos e estes os deixaram aos seus sucessores (bispos) e aos auxiliares destes (padres). Na ausência de Jesus, quem em nome dele deverá dizer: "Teus pecados foram perdoados. Vai não peques mais?" A resposta é que serão aqueles a quem ele delegou. 

O aborto é um pecado gravíssimo e que leva à excomunhão da vida sacramental e da própria Igreja. Excomunhão essa que é latae sententiae, ou seja, automática, não precisando que ninguém tome conhecimento ou que seja declarada por ninguém. Porém, a excomunhão, apesar de muitas vezes incompreendida, é um ato medicinal da Igreja para que a pessoa perceba a gravidade de seu erro e assim volte atrás, arrependa-se e busque o perdão e a reconciliação.

Uma vez retirado o vínculo de excomunhão e recebida a absolvição sacramental a pessoa está novamente admitida à comunhão da Igreja e à comunhão sacramental, porém, é convidada à um processo de conversão.

Nesse domingo da Misericórdia, conclamo que aqueles e aquelas que colaboraram ou realizaram esse ato, aproveitem para recorrer ao perdão divino por meio do sacramento da confissão e voltem novamente à plena comunhão com Cristo e com a Igreja.

Assim diz-nos João Paulo II: “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus Sucessores, em comunhão com os Bispos — que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que, na consulta referida anteriormente, apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina — declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. (...) Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal” (João Paulo II, Encíclica “Evangelium vitae”, n. 62).

Para aqueles que se arrependem existe esperança, mesmo depois de nossos erros, existe perdão e salvação mesmo depois de nossos pecados.

QUE A MISERICÓRDIA DE CRISTO ENVOLVA A TODOS NÓS E NOS DÊ NOVO ÂNIMO EM NOSSA CAMINHADA DE VIDA E DE FÉ!



Att. Pe. Murah Rannier Peixoto Vaz

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