terça-feira, 1 de novembro de 2011

CONSCIÊNCIA MORAL NO AT E NO NT

“CONSCIÊNCIA MORAL” PARTE II
Murah Rannier Peixoto Vaz
Apesar da “consciência moral” ser um conceito de origem cristã e desconhecida pelo pensamento grego-romano, veremos que este conceito não está ausente na ética grega, também costumam dizer que é alheio a literatura do AT. Aqui, é necessário precisar três coisas:
a) É desconhecido um termo hebreu para significar a palavra “syneidesis”, com a que se expressa “consciência” em grego.
b) Na tradução dos LXX, se encontra três vezes o termo grego “syneidesis”: e Sab 17,11.
c) Todavia, se a versão grega possui o termo apenas nestes três textos, termos correspondentes à consciência são frequentes, tanto no texto grego como no original hebraico. A literatura hebréia recorreu a outras expressões para significar a consciência. O mais usado é o termo coração.
A literatura antiga considera o “coração” como a sede dos grandes sentimentos. Segundo a Bíblia, a interioridade do homem tem sua sede no coração. Assim, conversão é conversão do coração. Além do sinônimo “consciência-coração”, os autores argumentam por meio de outros termos que fazem referência à consciência, tais como “espírito”, “prudência”, “sabedoria” etc.
Nos Evangelhos, o termo “syneidesis” não se encontra nenhuma vez, mas é mencionado, ao menos 20 vezes em São Paulo e outras dez nos outros livros do NT. Os textos mostram como a “consciência” no NT tem aplicações bem concretas e sempre com um denominador comum: se trata da atitude do homem diante do bem e o mal moral. Da ação de cada pessoa em relação à sua consciência ou alheia, seja em consideração a Deus ou aos demais homens. Quanto à isso, consciência se refere por igual ao crente e ao pagão.
Assim, a consciência é um realidade em todos os homens, crentes ou fiéis. Porém, a consciência dos cristãos é iluminada pela graça divina. Levando-se em conta que a consciência é a norma do atuar, por isso aquele que atua contra a consciência, peca, pois a sua própria consciência faz juízos de valor moral de seus atos. Como consequência, à consciência podem ser atribuídos diversos qualificativos, tanto positivos quanto negativos. Exemplo: boa, pura, irrepreensível e reflexo da retidão moral da consciência. Ao contrário pode ser “má” e estar “contaminada”.
Ao observar que a consciência faz o juízo de seus atos, é possível afirmar que ela é individual e que se identifica com o Eu pessoal. A doutrina do NT supõe que a consciência não é uma faculdade concreta, mas a pessoa que atua em resposta amorosa à vontade de Deus. De tal forma, pressupõe-se a consciência de Deus. Como se daria isso?
Ora, se o próprio texto de 1Pd 2,19, afirma que a “consciência está dirigida a Deus”, ou é “implantada por Deus” ou mesmo que a consciência “é a voz de Deus”.
Segundo São Paulo, pela consciência o crente interpreta as normas formais da lei antiga. O ideal cristão é ter uma consciência diante de Deus e assim esperar seguro o juízo do Senhor. A temática atual, em relação à dialética consciência-lei, deve-se destacar que em São Paulo se encontra superada. São Paulo exorta os cristãos com o fim de que adquiram uma consciência capaz de discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado. Sendo juízes e testemunhas de si mesmos, mediante a consciência.

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