sábado, 31 de março de 2012

Banco bilionário tenta despejar camponeses pobres em Catalão

Banco bilionário tenta despejar camponeses pobres em Catalão

O Movimento Camponês Popular (MCP) manifesta à opinião pública sua indignação diante da total parcialidade da Justiça e da forma insensível que família camponesa é tratada. Com apoio da Justiça, o banco Itaú, que ano passado obteve mais de 13 bilhões de reais de lucro, está tirando a terra de camponeses pobres, em Catalão (GO), no sudeste do estado, a 255 km de Goiânia. Na propriedade, que fica na comunidade Ribeirão, a 6 km da cidade de Catalão, mora o casal João e Elvira e dois filhos.
Ontem (29), um oficial de justiça, juntamente com polícia militar, foi à propriedade com mandado de reintegração de posse e com isso promover o despejo da família. Para impedir a ação, o Movimento Camponês Popular (MCP), juntamente com alunos da Universidade Federal de Goiás (UFG), campus Catalão, montou há três dias, na área, acampamento com mais de 100 pessoas. Devido ao número de pessoas na propriedade ser maior que 30, a reintegração de posse não pôde ser realizada, pois foi necessário remeter o assunto ao gabinete de crise, em Goiânia.
O acampamento vai permanecer montado até o final do desdobramento do caso, para isso foi elaborado um esquema de revezamento de pessoas que vão permanecer na área para dar apoio à família e impedir que seja realizado o despejo. Desde ontem o clima é de tensão, várias pessoas foram ameaças, inclusive um repórter que cobria a ação. O bispo da diocese de Ipameri, Dom Guilherme Werlang, foi ao local para acompanhar o caso e evitar o agravamento da situação.

Entenda o caso
Em 1997, o camponês João fez financiamento com o Banco do Estado de Goiás (BEG) para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Com a aquisição do BEG pelo Itaú, em 2001, a dívida migrou de banco. Devido a problemas de saúde de um dos filhos, o camponês não conseguiu pagar a dívida. O advogado, contratado pela família para negociar com o banco, perdeu os prazos de negociação e não informou os camponeses sobre o andamento do caso.
A família não foi avisada que a terra iria a leilão. A propriedade avaliada em 500 mil reais foi comprada, em leilão, pela metade do valor. A área é pequena, mas a qualidade do solo e abundância de água justifica o valor. No final do ano passado, João foi informado sobre o andamento do processo e que logo seria emitido mandado de reintegração de posse.
A família, ao ser informada sobre o andamento do caso, propôs negociação com o banco para garantir sua permanência na terra. Mas, o Itaú insiste em não dialogar com João e Elvira. A família não tem para onde ir e tampouco para onde levar sua pequena criação de animais. O grupo de advogados Cerrado assumiu o caso.
Diante desta situação, o MCP denuncia o desrespeito com que a família está sendo tratada, tanto pelo banco Itaú, quanto pela Justiça. O movimento não aceita a obscuridade com que foi realizado o leilão da terra, há indícios de ilegalidade no caso. O que se sente ao ver uma decisão como essa é que estão em jogo interesses não explícitos. É lamentável a ineficiência do Estado em relação aos preceitos da Justiça Social, ficando mais uma vez fica claro de que lado a Justiça se posiciona quando os envolvidos são grupos ricos e o povo do campo. O MCP agradece a mobilização do povo de Catalão, principalmente, dos estudantes da região, que rapidamente se organizaram para impedir o andamento dessa ação impetuosa.

Goiânia, 30 de março de 2012.
Movimento Camponês Popular

Por soberania alimentar e poder popular!

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