domingo, 27 de março de 2011

ATÉ MAIS...

No dia 27 de dezembro de 2010, por volta das 8hs da manhã, ocorreu a páscoa de minha avó, Tibúrcia Dias Ribeiro Vaz. Ela já estava do alto de seus 94 anos e dalí há 1 mês e 16 dias faria seu nonagésimo quinto aniversário. Na madrugada do dia 27 preparei um rascunho que nortearia as idéias a serem transmitidas na missa de corpo presente presidida pelo Pe. Orcalino, que me deu a autorização para fazer a reflexão (homília) da missa. No momento fiz espontâneo, com certeza não saiu idêntico, tal qual está aqui, até porque tive de fazer o acréscimo de entrar no sentido das leituras da liturgia da missa, mas tentei seguir essa linha de raciocínio mesmo com os acréscimos que também foram pertinentes ao momento vivenciado.

De toda forma exponho aqui a minha intenção inicial ao pensar nesse momento de entrega à Deus de nossa querida avó:


Estamos aqui reunidos, sobretudo, para render graças a Deus, agradecê-lo e bendizê-lo, por estes quase 95 anos de Tibúrcia Dias Ribeiro Vaz, minha avó.

Este é também um momento para rompermos com a lógica materialista e muitas vezes apegada que nós, seres humanos, temos.

É momento de fazer o ofertório a Deus de tudo o que minha avó vivenciou e de todos os momentos que vivemos ao seu lado.

Somos uma família tradicionalmente animada, alegre e sempre disposta para uma festa, e nesse momento é festa no céu, que acaba de ganhar uma cidadã da pátria celeste. Por esse motivo nós também somos convidados a alegrarmo-nos, mesmo que ainda haja dor, mesmo que haja lágrimas.

Cumpriu-se para a minha avó mais um ciclo de sua vida, pois passou pelo nascimento para a vida eterna, que é uma transformação da vida e não um fim, mas que exige de nós o processo da morte.

Gostaria de citar um pequeno fato, que ilustra bem a realidade de nossas vidas: dentro de nossa cidade corre um pequeno ribeirão que deságua no rio Veríssimo, o Veríssimo deságua no rio Corumbá que segue esse processo rumo ao mar. Todo rio corre para o mar, assim como todos nós, ainda que pequeninos nessa imensidão da criação, corremos para aquilo que é muito maior ainda, rumo à grandiosidade que é Deus em sua infinitude.

Podemos dizer que um dos grandes valores deixados por minha avó é a fé viva de nossa família. Uma fé vibrante, calcada nos ensinamentos de Nosso Senhor e na presença serena da Santíssima Virgem, mas que não deixa de ser uma fé simples e consoladora, dada às meditações e rezas dos terços. Quem não se lembrará de vê-la rezando a noite, escutá-la com seus cochichos entre uma Ave Maria e outra, ou de vê-la passando as contas do terço?

Creio que o melhor testemunho que podemos dar a ela é a continuidade em tudo o que dela aprendemos, especialmente mantendo acesa a chama da fé e buscando sempre mais a Deus.

Na vida sabemos ganhar, mas temos uma dificuldade enorme em perder. Porém, nossa vida sempre é feita de ganhos e percas, ainda que essa não seja a melhor forma de chamar o processo da morte. Melhor é chamá-la de um até mais, um até logo, pois temos a certeza do reencontro que Cristo nos proporciona.

Gosto sempre de dizer que a vida não está limitada entre as dores do parto e o choro da despedida, mas é muito mais do que isso. Saímos de Deus e a Ele voltamos. A vida vem de antes e vai além. Aí está a importância de vivê-la bem, com responsabilidade e seguindo a Cristo que nos aponta o caminho.

Finalizando, que esse momento seja propício para que nos unamos ainda mais e não percamos os elos de família. É momento de nos confortarmos e apoiarmos, mais do que isso, é momento de nos amarmos e seguirmos sempre juntos.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

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