segunda-feira, 14 de março de 2011

MENSAGEM DE D. GUILHERME NA ABERTURA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE



ABERTURA DA QUARESMA E LANÇAMENTO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2011.

DIOCESE DE IPAMERI – GO.

“Para que todos tenham vida”.

Caríssimos, irmãos e irmãs em Cristo!

Deus Pai Misericordioso quer a ”Vida Plena” de todos os seus filhos e filhas e de toda a criação, sempre oferece oportunidades de revermos nosso viver e agir. Assim, a cada ano, por meio da Igreja, nos oferece tempo especial de CONVERSÃO. Este tempo é a quaresma. Como nos anos anteriores, baseado no documento do Concílio Ecumênico Vaticano II, Sacrossanto Concílio nº. 109, reafirmo que a quaresma não tem um fim em si mesma, mas conduz o Povo de Deus e Cristão para a maior de todas as festas: A PÁSCOA DO SENHOR.

A quaresma é tempo em que pela escuta da Palavra, penitência, participação nos sacramentos, prática mais intensa da oração, jejum e esmola (caridade) nos prepara para celebrar a Páscoa do Senhor com um coração novo, sentindo a presença amorosa do Pai junto a nós.

Há quarenta e sete anos a Igreja no Brasil propõe para a Quaresma, a Campanha da Fraternidade, como uma das formas concretas de fazer este processo de conversão, apontando um tema e lema específicos que mais gritam e urgem por mudanças radicais e profundas.

Neste ano de 2011 a Campanha da Fraternidade apresenta o tema: “Fraternidade e a Vida no Planeta” e o lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22).

Em diversas Campanhas anteriores, temas similares já foram apresentados, rezados, estudados e refletidos. Tenho certeza que, como Igreja, já contribuímos muito para melhorar a vida humana e de toda a criação. Grandes resultados práticos e especialmente mudanças de pensamento e conscientização já foram alcançados. Ainda temos que, profeticamente, denunciar e enfrentar o atual sistema econômico, de produção, de acúmulo, distribuição e acesso às riquezas e bens da criação. É um modelo e sistema perverso porque privilegia poucos, deixa muitos na mais absoluta miséria e é gerador de morte. Com o poder da grande mídia mente e engana a humanidade apresentando-se como bom, caridoso e como solução para os problemas modernos. Na verdade é o grande causador da atual crise e ameaça à vida do Planeta e tudo o que este contem. A Igreja não pode calar diante de um sistema que põe o lucro e o capital como finalidade e referência de tudo e a vida a serviço destes objetivos.

Embora não tenhamos e nem pretendemos ter todas as respostas, em nome de Deus,, denunciamos que, se não ouvirmos os clamores do Planeta Terra, único a possuir vida no sistema solar, corremos seríssimos riscos de matar o maior de todos os dons de Deus: A VIDA.

Com humildade devemos perguntar à Terra como ela está vendo e sentindo a relação dos seres humanos, colocados por Deus como “jardineiros” no jardim da vida. O que ela nos dirá?

Necessitamos perguntar a Deus: como Ele está vendo a relação dos seres humanos com a Terra. O que Ele no dirá?

A grande pergunta que precisamos fazer a nós mesmos: como está nossa relação com a Terra e toda a obra da Criação e o que podemos fazer para melhorar esta relação?
A Igreja convida-nos a olharmos para a natureza e percebermos as mudanças climáticas que já estão ocorrendo devido a interferência humana. Como estas mudanças ameaçam a vida em geral, em especial a vida humana, sobretudo a dos mais empobrecidos?

O lema da Campanha da Fraternidade deste ano nos lembra que a Criação inteira geme e sofre em dores de parto. Se perguntarmos a Mãe Terra quem está lhe causando estas dores, ela certamente dirá que é o homem e a mulher e, se pudesse, pediria a Deus que fossem expulsos porque se fazem surdos e insensíveis aos seus gemidos e gritos de socorro.

A temperatura do Planeta, no futuro, vai depender de nosso modo de produzir, consumir, enfim, de como nos relacionamos com a Terra. Um dos principais causador do aquecimento global atual e das mudanças climáticas é o estilo de vida e modelo de produção não sustentável dos países desenvolvidos (cf. DA 66) ou por estes imposto como único e ideal para todas as nações. O grande líder hindu Mahatma Gandhi diz “o mundo tem recursos suficientes para atender as necessidades de todos, mas não a ambição de todos.”

Como cristãos discípulos missionários, somos PROFETAS DA ESPERANÇA.
Pela Campanha da Fraternidade deste ano, somos convocados a anunciar a “Boa Nova”, testemunhando um estilo de vida mais simples, austero e solidário, mais fiel à verdade e à caridade. O livro do Gênesis é claro quanto ao afirmar que Deus colocou o ser humano no Jardim do Éden para o cultivar e guardar (Gn 2,15). Precisamos refletir sobre o que estamos fazendo com as dádivas que Deus, de forma igual e gratuita, oferece à humanidade.

As Diretrizes Pastorais da Diocese apontam para a necessidade de cuidar da vida, criação de Deus, promovendo uma sólida formação ecológica para o respeito ao meio ambiente e de todos os bens públicos.

Como Pastor da Igreja Particular de Ipameri convoco todos os irmãos e irmãs a buscarmos uma urgente, profunda e verdadeira CONVERSÃO para que a Páscoa seja verdadeira RESSURREIÇÃO e VIDA NOVA para nós, para as futuras gerações e para toda a criação.

Nesta Quarta Feira de Cinzas, em comunhão diocesana, nas celebrações litúrgicas próprias, cada Comunidade fará a abertura da Quaresma e o lançamento da Campanha da Fraternidade de 2011. Peço que esta carta seja lida em todas as celebrações da Diocese de Ipameri como também seja enviada a todos os veículos de comunicação existentes nas diferentes cidades para ser publicada.

Dom Guilherme Antonio Werlang, msf

Bispo Diocesano de Ipameri

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